Duas IPSS não pagam empréstimo e complicam contas da Seg. Social - TVI

Duas IPSS não pagam empréstimo e complicam contas da Seg. Social

Idoso

Tribunal de Contas detetou um passivo de 160 mil euros relativo a uma garantia bancária que foi acionada por incumprimento de duas instituições de solidariedade que foram apoiadas no âmbito de duas linhas de crédito de apoio à economia social

São 160 mil euros em falta por falta de pagamento de empréstimos por duas Instituições Privadas de Solidariedade Social, mais conhecidas pela sua sigla IPSS. E é dinheiro que está a complicar as contas da Segurança Social. O passivo na Conta da Segurança Social de 2015 foi detetado pelo Tribunal de contas. 

Na despesa com passivos financeiros, foi encontrado o valor executado de 160.277,78 euros relativo a garantias bancárias que foram acionadas pelo Montepio Geral na sequência do incumprimento de duas IPSS  que beneficiaram de empréstimos, no âmbito duas linhas de crédito de apoio à economia social. 

Decorre, no Ministério Público, um processo para recuperação do crédito, segundo o anteprojeto de parecer do TdC a que agência Lusa teve acesso.

Segundo informação prestada ao TdC pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, os valores executados representam a liquidação integral do empréstimo pela Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).

Que IPSS?

Uma delas é o Lar de Santa Ana. A garantia foi executada em 58.921,41 euros e o respetivo processo encontra-se no Ministério Público com vista à recuperação do crédito.

Outra é a Associação Desenvolvimento Integrado de Poiares. A garantia foi executada em 101.356,37 euros, tendo já sido liquidadas 17 prestações pela instituição, a quem foi aprovado um Plano Especial de Revitalização (PER).

Protocolos remontam a 2012

Em 2012, foram assinados dois protocolos entre o Ministério do Trabalho da Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), a União das Misericórdias (UM), a União das Mutualidades Portuguesas (UMP) e a Caixa Económica Montepio Geral, com o objetivo de apoiar a atividade das entidades do setor social através da criação de duas linhas de crédito, uma no valor de 50 milhões de euros e outra no valor de 12,5 milhões de euros.

As linhas de crédito destinavam-se a IPSS, Misericórdias, Fundações, Mutualidades e Centros Sociais das Igrejas que efetuassem investimentos para reforço da sua atividade dentro das suas áreas de intervenção ou em novas áreas, modernização de serviços prestados à comunidade ou modernização da sua gestão.

Estas linhas de crédito, no valor total de 62,5 milhões de euros, encontram-se garantidas pelo MTSSS, que, através do IGFSS, efetuou dois depósitos bancários na CEMG, em condições de mercado, no mesmo valor.

Os depósitos mantêm-se enquanto vigorar algum dos empréstimos concedidos, no prazo máximo de 7 anos, estando a CEMG autorizada a debitar total ou parcialmente as contas de depósito, em caso de mora ou incumprimento de qualquer um dos contratos de empréstimo.

Com o passar do tempo e as amortizações dos empréstimos, os depósitos de garantia vão sendo reduzidos mensalmente e proporcionalmente.

De acordo com fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em 2012 foram estabelecidos dois protocolos, entre o ministério, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, a União das Misericórdias Portuguesas, a União das Mutualidades Portuguesas e a Caixa Económica Montepio Geral, no sentido de constituir duas Linhas de Crédito de Apoio à Economia Social (LCAES II e II).

Em caso de incumprimento, a Caixa Económica Montepio Geral procede à execução da garantia junto do IGFSS.

Nas situações identificadas pelo TdC, o IGFSS “acionou diligências no sentido de recuperar esses créditos para o valor de cerca de 160 mil euros, por incumprimento de duas instituições sociais”.

Para o valor de 101 mil euros, por sua vez, foi aprovado um plano de prestacional que já se encontra regularizado. O remanescente, no valor de 59 mil euros, foi elaborado processo e remetido ao Ministério Público no sentido da sua recuperação, explicou à Lusa.

A Segurança Social encontra-se a acompanhar as entidades envolvidas.

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE