Já viu quanto vai pagar este mês pela sua casa ao banco? - TVI

Já viu quanto vai pagar este mês pela sua casa ao banco?

Juros continuam negativos, mas nãos será para sempre. Se vai contratar empréstimo analise bem

Ano Novo conta antigas, como a da prestação da casa que parece não ter fim.

A boa notícia é que, para os contratos em vigor, em regra, o pagamento mensal ao banco vai ser menor, pelo menos em janeiro, quando comparado com janeiro de 2019.

A Deco/Proteste fez as contas e o economista Nuno Rico esteve na Economia 24 com uma simulação que considera um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos e um spread (valor que o banco compra por nos emprestar dinheiro) de 1%.

Financiamento: 150.000€

Prazo: 30 anos

Indexante: Euribor 6 meses

Spread: 1%

Mês: janeiro

Se, neste caso, são menos quase 7 euros por mês, a diferença torna-se abismal na comparação com 2000. Há 20 anos, pelo mesmo empréstimo, tinha de pagar mais de 300 euros todos os meses.

  2020 2019 2015 2010 2000
Euribor 6 meses -0,336% -0,241% 0,176% 0,996% 3,511%
Prestação

459,66€

466,03€ 494,68€ 554,13€ 761,01€
Variação face a janeiro 2020 - 6,37€ 35,02€ 94,47€ 301,35€

Podemos ver que a Euribor sofreu uma significativa redução nos últimos anos, atingindo valores historicamente baixos. Pelas contas da Deco, tal traduziu-se numa forte poupança para as famílias que têm crédito à habitação a taxa variável, como é possível de constatar nos dados anteriores.

Nuno Rico, não tem dúvidas que as atuais condições de mercado para contratar novos créditos à habitação são muito favoráveis devido às taxas de juro negativas e aos spreads mais reduzidos motivados pela concorrência entre bancos.” Acresce que “no curto prazo, é expectável que este cenário de baixas taxas de juro se mantenha.”

Mas “não há bela sem senão” e repete-se o alerta: “mercado imobiliário está bastante inflacionado e um contrato de crédito à habitação tem uma duração média a rondar os 30 anos, em que a taxa de juro pode variar muito significativamente, como podemos constatar nos valores das prestações nestes últimos 20 anos.”

De facto, se olharmos para a variação a 10 anos e fizermos um puco de futurologia, constatamos que em 2030 o mesmo empréstimo pode aumentar quase 100 euros.

Por isso, é muito importante os consumidores terem em consideração esta possível variação, antes de contratar, por forma a evitar que uma eventual subida dos valores da Euribor coloque em causa a estabilidade financeira familiar”, recomenda o economista.

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NOTA: Desde julho de 2018, os bancos estão obrigados a refletir taxas de juro negativas no crédito à habitação. A lei é aplicável aos contratos de crédito destinados a financiar a aquisição ou a construção de habitação própria permanente, secundária ou para arrendamento, disse na ocasião o Banco de Portugal.

Por força destas regras, nas situações em que a soma do indexante com o spread resultar numa taxa de juro negativa, as instituições de crédito estão obrigadas a refletir integralmente essa taxa nos montantes a pagar pelos clientes no âmbito dos contratos em causa. Para o efeito, as instituições de crédito podem optar por:

  • Deduzir o valor negativo apurado ao capital em dívida na prestação vincenda; ou
  • Constituir um crédito a favor do cliente, o qual será deduzido aos juros vincendos a partir do momento em que estes passem a ser positivos. Se, no final do contrato, ainda existir um crédito a favor do cliente, as instituições devem proceder ao respetivo pagamento.

Se tiver dúvidas sobre este ou outros temas, envie e-mail para economia24@tvi.pt

 

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