EDP vende 348 milhões do défice tarifário deste ano - TVI

EDP vende 348 milhões do défice tarifário deste ano

EDP

Em causa, estão sobrecustos do sistema elétrico nacional que ainda não foram recuperados através das tarifas cobradas aos consumidores de eletricidade

A EDP anunciou esta segunda-feira ao mercado que vendeu 348 milhões de euros do défice tarifário deste ano. É uma maneira de a empresa encaixar já dinheiro que, de outro modo, só receberia repartido no tempo, nos próximos anos, e acrescido de juros, mediante a aplicação das tarifas de eletricidade fixadas pelo regulador e que são pagas pelos consumidores. 

"A EDP Serviço Universal, S.A., comercializador de último recurso do sistema eléctrico português, detido a 100% pelo Grupo EDP, acordou a venda, através de duas operações separadas, de 348 milhões de euros do défice tarifário de 2016, relativo ao sobrecusto com a produção em regime especial" 

O défice tarifário é, no fundo, a diferença entre os custos de produção e as receitas das empresas. Para este cálculo entram as tarifas praticadas. Os críticos culpam a utilização política das tarifas eléctricas, que nos últimos anos têm estado abaixo dos custos, para a criação e crescimento do défice tarifário. 

Ou seja, em causa estão os sobrecustos do sistema elétrico nacional que ainda não foram recuperados através das tarifas cobradas aos consumidores de eletricidade.

Para 2016, a Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE) projetou um sobrecusto da produção no regime especial de 1.222 milhões de euros, pela qual a EDP será remunerada a 2,24%. Contas feitas, custará cerca de 27 milhões aos consumidores. 

No comunicado que pode ler-se na página da Internet da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a EDP não adianta com quem foi acordada esta dupla operação. 

"O défice tarifário de 2016 resultou do diferimento por 5 anos da recuperação do sobrecusto de 2016 com a aquisição de energia aos produtores em regime especial", faz ainda notar o mesmo comunicado. . 

Estas operações de venda de défice tarifário têm sido uma estratégia da administração liderada por António Mexia para antecipar receitas e, ao mesmo tempo, baixar o endividamento do grupo EDP.

Em abril, a Agência Internacional de Energia instou Portugal a reduzir os apoios às energias renováveis, para que o país consiga cumprir a meta de eliminar o défice tarifário crescente, até 2020. 

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