E se a sua empresa o deixasse sair 6 meses para criar o seu negócio? - TVI

E se a sua empresa o deixasse sair 6 meses para criar o seu negócio?

  • ALM
  • 28 mar 2019, 12:37
Startups

Na Suécia isso é possível e até valorizado

Já pensou o que seria ter uma ideia para criar a sua empresa e, ao invés de ter de a desenvolver nas horas vagas poder fazê-lo tirando uma licença do seu atual trabalho?

Parece um sonho, mas é a realidade. Na Suécia é possível tirar uma licença sem vencimento para este tipo de “empreendedorismo”, noticia a BBC Brasil.

Nas duas últimas décadas, os trabalhadores efetivos passaram a ter o direito de se afastarem por seis meses para iniciar uma empresa - ou, alternativamente, para estudarem ou cuidarem de um parente.  As chefias só podem recusar se houver razões operacionais cruciais que travem o funcionamento da empresa, devido à ausência daquele funcionário ou se a empresa a criar for uma concorrente direta.

"Até onde sei, este é o único país que oferece um direito legalmente consagrado de tirar uma licença para o empreendedorismo", explica Claire Ingram Bogusz, investigadora de Empreendedorismo e Sistemas de Informação na Escola de Economia de Estocolmo.

É comum as pessoas terem permissão do empregador para iniciarem algo desde que isso não interfira com o emprego. E depois de o negócio estar a funcionar, tiram então a licença para ver se realmente conseguem fazer só aquilo na vida", acrescenta.

Max Friberg, de 31 anos, é dos exemplos dados pela BBC Brasil. Gere uma plataforma de software e optou por tirar uma licença da consultora em que trabalhava. A possibilidade de tirar uma licença não remunerada evitou algumas preocupações.

"Tinha um emprego fantástico e para o qual me esforcei imenso durante o período da faculdade", explica. "Questionava-me se estava a fazer uma loucura. Sentir que poderia voltar afastou parte do medo."

Nos últimos anos a Suécia, com uma população de apenas 10 milhões de pessoas, criou a reputação de ser um dos países mais inovadores da Europa. As razões, mais comumente citadas, para que as novas empresas cresçam tão rapidamente incluem a forte infraestrutura digital, uma cultura de colaboração e um seguro privado de desemprego muito acessível, o que proporciona uma rede de Segurança Social maior.

Medir exatamente o quanto o direito à licença não remunerada contribuiu para isso é complicado. Embora a tendência - particularmente na área tecnológica - tenha sido observada por académicos, sindicatos e empregadores, não há dados que detalhem quantas pessoas com licença de trabalho iniciam um negócio. Mas o que os números confirmam é que a crescente procura por todos os tipos de licenças (incluindo a licença parental remunerada) coincide com o aumento do número de suecos que começam suas empresas.

Em 2017, 175 mil pessoas, entre 25 e 54 anos de idade, eram licenciadas, em comparação com 163 mil em 2007, de acordo com dados oficiais. Já o número de registos de empresas subiu para 48.542 em 2017, em comparação com 27.994 em 2007.

Alguns observadores argumentam que pode ser mais difícil para os empregadores fora da Suécia permitirem que os trabalhadores retornem aos seus antigos cargos depois de se ausentarem para gerir um negócio. Esses trabalhadores podem enfrentar discriminação em perspetivas futuras de carreira ou salário. No entanto, na Suécia, esse tipo de preconceito é contra a lei.

Alguém ter saído e tentado algo novo, ter essa oportunidade e voltar, não é algo visto de forma negativa. É visto de forma neutra na pior das hipóteses e, provavelmente, até de forma positiva, porque a pessoa disse 'ah, não, esse trabalho é o melhor para mim'", explica Ingram Bogusz.

A investigadora argumenta que o foco dos suecos no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um "grande fator a favor", que pode não ser relevante em outros lugares.

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