"AdP destruiu empresa e aumentou preço da água no Porto" - TVI

"AdP destruiu empresa e aumentou preço da água no Porto"

Água

São acusações do presidente da Câmara de Paredes, que está contra a extinção da empresa Águas do Douro e Paiva

O presidente da Câmara de Paredes acusou esta terça-feira o acionista Águas de Portugal (AdP) de ter decidido “sozinho destruir a empresa Águas do Douro e Paiva (AdDP)” e, “consequentemente, aumentar o preço da água no Grande Porto em 40%”.

Celso Ferreira (PSD), que falava aos jornalistas no final da assembleia-geral extraordinária da AdDP, no Porto, na qual municípios acionistas da empresa expressaram estar contra a extinção da mesma, afirmou que “foi dado um passo que envergonha o direito societário em Portugal” e que, “pelos vistos, passa a fazer história em Portugal o encerramento de empresas bem geridas”.


“Temos aqui um acionista sozinho [AdP], com 51%, que destruiu uma empresa bem gerida”, disse, “nós [autarcas de municípios acionistas da empresa] não entendemos nem aceitamos que um acionista só decida encerrar uma empresa em seu benefício próprio e, sobretudo, naquilo que é uma deliberação contra a própria empresa”.


Em declarações aos jornalistas, Manuel Fernandes Thomaz, vogal executivo da AdP, defendeu que “a reforma que foi muito recentemente materializada na publicação em decretos-lei faz sentido” e que esta reforma do setor da água decidida pelo Governo é um passo em frente na melhoria da sustentabilidade do setor e da coesão territorial”.

“Várias tentativas foram feitas no passado e nenhuma chegou ao fim. Esta está prestes a chegar ao fim e a nossa convicção é a de que, do ponto de vista da coesão territorial, da harmonização tarifária e da justiça entre municípios de todo o país, [esta reforma] faz todo o sentido e irá permitir que no interior as tarifas não sejam tão penalizadas como teriam que ser” sem a mesma, sustentou.

Questionado sobre a posição critica que têm os autarcas dos municípios acionistas da AdDP, Fernandes Thomaz lembrou que se existem protestos de uns, também há muitos outros presidentes de autarquias “que dizem precisamente o contrário” e até questionam “porque é que isto não foi feito há mais tempo”.

“Lemos isso numa apreciação muito local, admito que estas autarquias tenham razões locais para ter esse tipo de posições, [mas] agora quem olha para o todo nacional e para as disparidades isto de facto faz sentido”, sustentou.


Afirmando que mais do estar “triste e desgostoso” com a decisão da extinção da AdDP, o autarca de Paredes destacou ser um cidadão “que tem vergonha da forma como dossiers desta natureza são geridos”.

“Estamos a falar de uma empresa saudável, não estamos a falar de uma empresa que tem que ser privatizada a correr, sob pena de não ter parafusos para as rodas dos aviões (…) e graças ao poder de um acionista pretende-se que seja destruída”, vincou Celso Ferreira.


Para o autarca de Paredes, “os consumidores do Grande Porto não têm culpa disso” e, pro isso mesmo, municípios acionistas votaram contra a extinção da AdDP e protestaram “veementemente” contra “aquilo que se pretende que seja a extinção de um ativo que é de todos, não é só da AdP”.

Também o autarca de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, afirmou aos jornalistas estar contra a fusão de empresas e a extinção da empresa, considerando que alegar neste processo igualdade tarifária é “falso”.

“Assinaria de cruz se a tarifa no consumidor final fosse igual em minha casa e na casa de qualquer um”, disse, 1aqui o que se trata é de expropriar um sistema de municípios cumpridores, que pagam todos os anos em impostos e remuneração ao acionista Estado entre cinco a seis milhões de euros e que tem a tarifa mais baixa”.


Para o autarca da Feira, a AdDP em 2026 passaria para a gestão dos municípios e, “ mais uma vez a corte - Lisboa – não cumpre com o que estava prometido há alguns anos”.

Paredes e Santa Maria da Feira são dois dos 20 municípios acionistas da AdDP que pretendem avançar em breve para tribunal contra a extinção da empresa de abastecimento de água em alta.

O Governo concluiu em abril a reforma do setor das águas, que passa por "um fortíssimo emagrecimento" do grupo AdP, agregando 19 empresas regionais em cinco entidades e reduzindo custos em 2.700 milhões de euros.

A reforma do setor da água funde a AdDP, Simdouro, Águas do Noroeste e Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro na Águas do Norte, com sede em Vila Real.

 
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