O endividamento do Estado, das famílias e das empresas portuguesas espelha-se nos números e eles têm um impacto crescente. Em abril, mês a que se referem os últimos dados publicados hoje pelo Banco de Portugal, aumentou para 709 mil milhões de euros, mais 3,5 mil milhões do que em março e 5,3 mil milhões do que um ano antes.
Esse endividamento total é repartido entre setor público e setor privado não financeiros. No caso do Estado, os valores em dívida chegam a 301,4 mil milhões de euros, um aumento de 3,2 mil milhões face a março e de quase 10,4 mil milhões em relação a abril do ano passado.
Já no setor privado, estão em causa 407,6 mil milhões de euros: 144,9 mil milhões nas famílias (a grande maioria do valor em dívida a dizer respeito a empréstimos para habitação, no valor de 105,3 mil milhões); nas empresas, o endividamento alcança 262,7 mil milhões.
PME | 159,3 mil milhões |
Grandes empresas | 79,9 mil milhões |
SGPS não financeiras | 23,6 mil milhões |
Por dimensão, são as grandes empresas a concentrar a maior percentagem de endividamento (31%), logo seguidas das microempresas (26%). Depois vêm as médias empresas (18%) e as pequenas (16%).
No bolo dos empréstimos, a maior fatia vai para o setor da construção e ativos imobiliários, logo seguido do comércio e da eletricidade, gás e água. Em quarto lugar, surgem as indústrias.
Os avisos da Comissão Europeia e do BCE sobre o endividamento têm soado e estas estatísticas confirmam que há razões para preocupação. No âmbito da 4ª missão pós-programa de resgate, ambas as instituições constataram que a consolidação do setor bancário “ainda está por alcançar". Culpa do crédito de cobrança duvidosa: "os altos níveis de exposição ao malparado continuam a pesar negativamente no capital e produtibilidade dos bancos”.
Embora uma série de medidas políticas tenham sido tomadas nos últimos anos destinadas a diminuir o endividamento empresarial, ainda é necessária uma abordagem mais ambiciosa para reestruturar o malparado das empresas, que poderia melhorar as condições para produzir investimento e aumentar a resiliência do sistema bancário como um todo”
O Governo "tomou nota" das considerações vertidas no comunicado, com Bruxelas e BCE a advertirem para o abrandamento económico e a criticarem as políticas decididas pelo Executivo socialista.