Bruxelas não vai renegociar dívida de Portugal - TVI

Bruxelas não vai renegociar dívida de Portugal

Um aviso do presidente do Eurogrupo, no mesmo dia em que a Comissão Europeia deu luz verde ao Orçamento do Estado para 2017, o que deverá retirar Portugal da lista de países de risco

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, diz que não há necessidade de baixar os juros dos empréstimos da Europa a Portugal porque o país "pode pagar a sua dívida".

No final da reunião de hoje, em Bruxelas, os responsáveis comunitários deixaram mesmo um aviso à navegação política em Portugal: a questão os juros "não foi, nem será discutida" pela Europa. "Não vamos discutir uma redução dos juros para Portugal", assegura o responsável europeu.

Declarações que vêm no seguimento de outras feitas, em Portugal, concretamente do ministro das Finanças, Mário Centeno, que afirmou considerar os juros da dívida portuguesa elevada e deixou subentendido o seu desejo. Centeno falava na quinta-feira passada, no Parlamento, no âmbito da discussão na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2017 e concordou com Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda.

Ao repto bloquista, o ministro respondeu, na ocasião: “Estou totalmente de acordo consigo: esse debate [o dos juros da dívida] é crucial para o futuro próximo da economia portuguesa. É necessário que Portugal tenha redução na taxa de juro que paga pelo seu endividamento. É responsabilidade do Governo honrar as obrigações e essa discussão apenas pode ser tida no plano europeu, o Governo está disposto para isso e tem feito por isso".

Agora de Bruxelas chega a resposta.

Hoje, questionado sobre se Centeno abordou o tema, hoje a questão em Bruxelas, o presidente do Eurogrupo disse que "a questão da sustentabilidade da dívida de Portugal não foi discutida nem vamos discuti-la porque Portugal é capaz de gerir a sua própria dívida. E, nesta questão, em relação à Grécia não temos bem a certeza. E essa é uma grande diferença. Por isso não façamos confusões."

Um aviso no mesmo dia em que Bruxelas deu luz verde ao Orçamento, o que deverá retirar Portugal da lista de países de risco.

O prazo, para rejeitar o documento, terminava hoje e confirma-se, assim, que Bruxelas considera que o Orçamento não tem infrações graves às regras europeias.

Aos jornalistas, o comissário europeu para a Economia e Finanças, Pierre Moscovici, disse ter ouvido “uma espécie de barulho de fundo que o projeto de Orçamento não estava de acordo com as regras, mas, não, ele está em conformidade com as regras. Era apenas preciso assegurar que os dados eram realistas e coerentes.”

A Comissão chegou a pedir explicações adicionais ao Governo mas, ao contrário do que aconteceu com Orçamento deste ano, Bruxelas decidiu não exigir a apresentação imediata de novas medidas de austeridade.

Ainda assim, as contas portuguesas vão continuar a ser avaliadas durante as próximas duas semanas. Esta quarta-feira, a Comissão Europeia divulga as suas previsões económicas para os países do euro. E na próxima semana, Bruxelas vai pronunciar-se em detalhe sobre os orçamentos nacionais.

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