Presidente do BPI defende Rui Machete e crítica «moralismo» de Portugal - TVI

Presidente do BPI defende Rui Machete e crítica «moralismo» de Portugal

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«O que o Dr. Rui Machete disse sobre Angola pareceu-me do mais elementar bom senso», diz Fernando Ulrich

O presidente do BPI considerou esta quarta-feira de «bom senso» as declarações do ministro Rui Machete em Angola e disse que Portugal não tem moral para dar lições a outros países.

«O que o Dr. Rui Machete disse sobre Angola pareceu-me do mais elementar bom senso», disse o presidente do BPI, na apresentação de resultados do banco, que decorreu hoje em Lisboa.

Fernando Ulrich afirmou várias vezes que não tinha interesse em comentar a polémica das últimas semanas entre Angola e Portugal, admitindo no entanto que é importante reforçar as ligações com o país africano devido às afinidades existentes.

«Não consigo partilhar deste clima de suicídio coletivo», reiterou Fernando Ulrich.

O presidente do BPI saiu ainda em defesa do «amigo» Rui Machete, sobre quem disse ter «admiração e respeito».

«Este é um caso fértil em Portugal, gosta-se de criticar pessoas isoladas e que não têm forças atrás delas. É um ato covarde», afirmou.

A tensão diplomática entre Portugal e Angola levou já o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a anunciar a suspensão da parceria estratégica entre Luanda e Lisboa.

A polémica começou em Lisboa depois de, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, ter pedido desculpa a Luanda pelas investigações do Ministério Público português.

Sobre estas investigações, Ulrich criticou a violação do segredo de justiça e também falou do «moralismo» de Portugal.

«Queremos dar lições a quem?», questionou Fernando Ulrich que, sem nunca dizer o nome, se referiu às "amizades" do ex-primeiro-ministro José Sócrates, lembrando a presença no lançamento do livro escrito pelo antigo governante do ex-presidente do Supremo Tribunal de Contas Noronha do Nascimento e do ex-Procurador Geral da República Pinto Monteiro.

Sobre as relações empresariais com Angola, em que o BPI é acionista maioritário do Banco Fomento Angola (BFA), Ulrich considerou que a tensão entre os dois países não põe as atuais parcerias em causa.

"Eu, da leitura [da declaração do presidente angolano, Eduardo dos Santos], não vi em lado nenhum alusão a represálias relativamente a empresas privadas, como o BFA. O que me pareceu é que havendo a situação que se criou, e que provoca descontentamento em Angola, o que pode estar em causa são alianças, parcerias para projetos futuros, mais do que se estragar projetos que já existem e que são positivos para todas as partes", afirmou Fernando Ulrich.

O líder do BPI disse que "não há país nenhum no mundo em que Portugal consiga ter uma relação como com Angola", nem Espanha ou Brasil, e que a relação entre ou dois países continua a ter um grande "potencial".

O BPI apresentou hoje lucros de 72,7 milhões de euros até setembro, menos 37,9% do que no mesmo período do ano passado. A atividade doméstica foi a que pesou nesta quebra de resultados, enquanto na atividade internacional o lucro aumentou uns ligeiros 1,6% para 62,6 milhões de euros.

A maior parte do lucro na atividade internacional veio do BFA (detido a 50,1% pelo BPI), com 58,9 milhões de euros, mais 3,6% do que até setembro de 2012. Já o lucro do moçambicano Banco Comercial e de Investimentos (detido em 30% pelo BPI) caiu 4,2% para 5,7 milhões de euros.
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