Limitar acesso a dados fiscais serve para "encobrir incompetência" do Governo, diz sindicato - TVI

Limitar acesso a dados fiscais serve para "encobrir incompetência" do Governo, diz sindicato

Paulo Núncio (LUSA)

Autoridade Tributária e Aduaneira pretende instalar um mecanismo informático para que os seus trabalhadores justifiquem previamente as consultas à informação fiscal dos contribuintes e limitar o acesso aos dados por parte de colaboradores externos

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O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos considerou esta segunda-feira que as medidas para limitar o acesso dos trabalhadores à informação fiscal dos contribuintes servem “apenas para encobrir a incompetência” do secretário de Estado Paulo Núncio.

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) pretende instalar um mecanismo informático para que os seus trabalhadores justifiquem previamente as consultas à informação fiscal dos contribuintes e limitar o acesso aos dados por parte de colaboradores externos.

Em declarações hoje à agência Lusa, Paulo Ralha disse que as medidas anunciadas são para “inglês ver” e para "encobrir a incompetência" do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio.

“São medidas que visam apenas desfocar o assunto da incompetência do secretário de Estado nesta matéria. O que está em causa aqui é um crime: a criação da lista VIP e o que o secretário de Estado está a tentar fazer, ou tem feito desde o início, é desviar o assunto, primeiro dizendo que não havia lista VIP, e agora inventando umas medidas que não se justificam e que só vão complicar a vida dos trabalhadores e contribuintes”, salientou.

De acordo com o responsável, os trabalhadores já tinham mecanismos de controlo da base de dados.

“Estas novas medidas não se justificam nem pelo histórico nem por nenhuma situação que tenha sido relatada nos relatórios”, disse.

Depois do caso da ‘lista VIP’ e dos relatórios da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e da Inspeção-Geral de Finanças (IGF), ambos muito críticos da atuação do Fisco no que diz respeito à proteção da informação dos contribuintes, o secretário de Estado solicitou à AT que apresentasse ao Governo um plano de ação, o que foi feito na sexta-feira, disseram à agência Lusa fontes das Finanças.

O plano da AT, liderada por Helena Borges, contém dezenas de medidas e, entre elas, está a implementação, já no próximo mês, de um mecanismo informático para que os trabalhadores justifiquem, numa espaço em branco que aparecerá nos computadores antes que acedam à informação do contribuinte, porque é que o estão a fazer.

Outra das medidas é a revisão das permissões de acesso que são atribuídas aos trabalhadores externos, procurando limitar o acesso destes colaboradores à informação fiscal.

A partir de julho, o Fisco pretende também a analisar os perfis ativos e as respetivas permissões de acesso dos trabalhadores da casa para adaptação de necessidades, mas também para que, por exemplo, antigos trabalhadores deixem de ter as suas contas de acesso em funcionamento.

A AT quer atualizar o arquivo dos acessos às informações fiscais dos contribuintes e procurar comportamentos mais comuns de alguns trabalhadores que possam revelar riscos para eventuais consultas indevidas de informação fiscal.
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