FMI diz que Portugal vai crescer menos, mas défice cai - TVI

FMI diz que Portugal vai crescer menos, mas défice cai

  • ALM com Lusa
  • 9 out 2018, 08:28
Christine Lagarde [Reuters]

Novas previsões do Fundo Monetário Internacional menos otimista que as do Governo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu hoje em baixa a estimativa de crescimento da economia portuguesa deste ano para 2,3% e continua a estimar que o PIB avance 1,8% em 2019, abaixo do previsto pelo Governo.

De acordo com o ‘World Economic Outlook’ (WEO), relatório com previsões económicas mundiais divulgado hoje, o FMI piorou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português deste ano de 2,4% previstos em abril para 2,3%.

A previsão para 2018 está em linha com o estimado pelo Governo, que prevê que a economia cresça 2,3% no conjunto do ano, segundo o Programa de Estabilidade 2018-2022 apresentado em abril.

Para o próximo ano, o FMI continua a estar menos otimista do que o Governo, mantendo a estimativa de crescimento do PIB em 1,8% e prevendo um abrandamento mais cedo do que o Governo, já em 2019.

No Programa de Estabilidade, o Governo estima que a economia cresça acima de 2% até 2022, avançando 2,3% em cada um dos anos até 2020 e abrandando em 2021 e 2022 ao crescer 2,2% e 2,1%, respetivamente.

Por outro lado, o FMI continua a estar mais otimista do que o Governo quanto ao mercado de trabalho, prevendo que a taxa de desemprego fique abaixo dos 7% já no próximo ano.

No relatório, o FMI prevê que a taxa de desemprego fique nos 7% este ano e desça para 6,7% no próximo.

O Governo, por sua vez, antecipa que a taxa de desemprego se reduza para 7,6% em 2018 e para 7,2% em 2019, ficando abaixo dos 7% apenas em 2020 (6,8%) e descendo para 6,5% em 2021 e para 6,3% em 2022.

Ao contrário do executivo, o FMI estima que saldo da balança corrente se deteriore, sendo nulo este ano passando a um défice de 0,3% do PIB em 2019.

No Programa de Estabilidade, prevê-se que o excedente da balança corrente cresça para 0,7% do PIB este ano, mantendo-se nesse valor até 2020 e reduzindo-se até 0,4% do PIB em 2022.

As projeções do FMI para 2018 baseiam-se no Orçamento do Estado deste ano e refletem as previsões macroeconómicas dos técnicos da instituição. As projeções para 2019 têm em conta um cenário de políticas inalteradas.

Fundo melhora estimativa do défice português mas vê excedente só em 2022

No que toca ao défice, melhora a estimativa para 2018 e 2019, mas prevê que o saldo se mantenha negativo até 2020 e o primeiro excedente apenas em 2022, ao contrário do que antecipa o Governo.

De acordo com o ‘Fiscal Monitor’, relatório com as previsões orçamentais mundiais, divulgado hoje, o FMI melhorou a estimativa para o défice português este ano para 0,7% do PIB, em linha com o previsto pelo Governo e inferior ao estimado pela instituição em abril (1%).

Para 2019, o Fundo projeta agora um défice orçamental de 0,3% do PIB (contra 0,9% em abril), mas acima dos 0,2% previstos pelo executivo no Programa de Estabilidade 2018-2022.

As estimativas orçamentais para Portugal do FMI até 2023 foram melhoradas face às projeções de abril da instituição, mas ainda assim continuam menos otimistas do que as do executivo de António Costa.

No Programa de Estabilidade, o Governo compromete-se com um défice próximo de zero (0,2% do PIB) já em 2019, último ano da legislatura e ano de eleições legislativas e europeias. A partir daí são esperados excedentes orçamentais que crescem todos os anos: 0,7% do PIB em 2020, 1,4% em 2021 e 1,3% em 2022.

No entanto, o FMI – que tem como base um cenário de políticas invariantes para os próximos anos – acredita que o primeiro excedente, de 0,2% do PIB, aconteça apenas em 2022.

Para 2020, a instituição liderada por Christine Lagarde prevê ainda um saldo negativo de 0,2%, atingindo-se um défice zero só em 2021.

Já o saldo primário, que exclui os encargos com a dívida pública, vai manter-se acima dos 2% neste período de previsões, segundo o FMI: 2,6% em 2018 e 2,9% nos anos seguintes até 2023.

As projeções referentes a Portugal, que são coordenadas pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar – agora diretor do FMI –, baseiam-se no Orçamento do Estado para 2018 e foram "ajustadas para refletir as previsões macroeconómicas" do Fundo.

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