Consumo de combustíveis trava a fundo, quebra na gasolina passa 20% em março - TVI

Consumo de combustíveis trava a fundo, quebra na gasolina passa 20% em março

Começa o caos das filas intermináveis para abastecimento de combustíveis, antes da greve dos motoristas anunciada para segunda-feira, dia 12 de agosto.

Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis regista os consumos antes de chegarem à bomba e já são consideráveis as reduções. Galp fala de uma descida de vendas superior a 50%. Abril será pior

Com boa parte do país parado ou a meio gás, o consumo de combustíveis está a cair a pique.

À TVI24, o presidente do conselho de administração da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENSE), Filipe Meirinho, confirma essa tendência, na parte que diz respeito ao que mede a entidade: a introdução consumo. E só a gasolina travou 16,99% em março face a fevereiro e 20,91% se compararmos com março de 2019. Abril será ainda pior.

A ENSE dispõe neste momento apenas dos dados das Introduções ao Consumo referente a Março de 2020, dados que não representa o volume das vendas a retalho, pois trata-se das quantidades registadas junto da ENSE para efeitos das reservas. No entanto, podemos constatar desde já uma redução nos níveis de introduções ao consumo, algo expectável face ao cenário de estado de emergência em que vivemos”, diz o Filipe Meirinho.

Em linguagem comum, esta Introdução ao Consumo são os registos para efeitos fiscais e de reservas de combustíveis no país. Com o destaque a ir para o jet, o combustível da aviação cujo setor, como sabemos, praticamente parou.

Combustível toneladas Introdução ao Consumo (março de 2020 versus março 2019 Introdução ao Consumo (março de 2020 versus fevereiro 2020)
Gasolina 65.644 -20,91% -16,99%
Gasóleo 350.357 -12,31% -7,73%
Jet  72.625  -34,31% -30,25%

E se é assim antes, no ponto de venda ao consumidor final não será muito diferente. Ou será ainda pior, se considerarmos que ainda só são conhecidos os valores de março.

A TVI24 contatou a Apetro -  Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas - que reúne as principais empresas petrolíferas que atuam no mercado português, mas não conseguiu qualquer resposta, até ao momento.

Já a Galp, a maior empresa do setor em Portugal, remeteu para o que tinha dito na divulgação dos resultados operacionais do primeiro trimestre, a 8 de abril, que já mostravam “uma retração da ordem dos 13% nas vendas de produtos petrolíferos. Nas últimas semanas assistimos a diminuições de vendas superiores a 50% em relação às semanas homólogas do ano passado.”

O presidente da ENSE não esconde que “a leitura dos dados mostra já uma expectável redução acentuada, mas é importante ressalvar que apenas na 2ª metade do mês foram sentidas as consequências práticas  da declaração de estado de emergência. Por isso, apenas em abril será possível fazer uma avaliação mais completa dos efeitos que a redução das atividades económicas teve nos níveis de introduções ao consumo de combustíveis em Portugal.”

Sobre as perspectivas para abril, o presidente da entidade fiscalizadora e responsável pelas reservas nacionais de produtos petrolíferos refere ainda que sendo o primeiro mês completo em que há um efeito generalizado do estado de emergência, espera-se que, em teoria, os níveis de introduções ao consumo registem descidas percentuais mais acentuadas do que as verificadas em março. Esta descida claro que mostra um nível menor de atividade económica. Mas temos as condições para ir regressando faseadamente à normalidade e para um arranque progressivo das atividades industriais e das famílias."

E acrescenta que “o setor teve a capacidade de se adaptar para garantir capacidade de abastecimento do país, assegurar processos operacionais de contingência para dar resposta a algum problema localizado, e não há noticia de qualquer problema grave que ponha em causa a segurança de abastecimento. Em qualquer caso, a ENSE continua em ligação permanente com todo o setor energético através do seu Centro de Coordenação Operacional da Energia, faz uma monitorização diária da situação, e tem, como sempre, as reservas identificadas e em estado de prontidão para um cenário que justifique a sua mobilização.”

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