Faça as contas e, mesmo que esteja no sofá, vá abastecer o carro. Às 00:00 desta segunda-feira o preço dos combustíveis volta a subir e, ao que apurou a TVI, em média, a subida é de um cêntimo no gasóleo e 1,5 cêntimos na gasolina.
De resto, o aumento não deve apanhar muitos portugueses de surpresa. Esta é uma das consequências da subida dos preços da matéria-prima nos mercados internacionais. E mesmo que algum movimento em alta já tivesse sido acomodado, o fato é que os preços, vão mesmo, voltar a subir, tendo em conta que o valor do crude pesa 26,7% na constituição do preço de referência que dita o que, em média, cada um de nós paga quando abastece o carro.
Na quarta-feira passada, o desfecho da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) fez disparar os preços da matéria-prima. A OPEP conseguiu fechar um acordo com países dentro e fora da Organização, como a Rússia, para travar a oferta de ouro negro no mercado. E reação foi imediata. O petróleo disparou, passando a fasquia dos 51 dólares por barril, tanto em Londres como em Nova Iorque.
Os futuros [petróleo negociado hoje para entrega posteior] do Brent, que negoceia em Londres, chegou a superar os 55 dólares o barril e acabou nos 54,46 dólares a semana. Mais 15% face ao final da semana anterior e o maior ganho desde 2009. Por sua vez, o norte-americano West Texas Intermediate (WTI) subiu até aos 51,68 dólares por barril. Um crescimento de 12% e o valor mais alto desde o início de 2011.
Além da cotação internacional do crude e frete, só o peso do ISP e outros impostos contribuem mais para a constituição do preço de referência em Portugal (53,6%). Segue-se o peso do IVA, em 18,7%. O restante fica a cargo do adicional por incorporação de biocombustíveis e despesas com descarga, armazenamento e reservas.
A gasolina simples de 95 octanas está a ser vendida, em média, atualmente, acima dos 1,40 euros por litro, já o gasóleo está a ser comercializado em torno dos 1,17 euros.
E nos próximos meses como será?
Ainda antes de se saber se haveria, ou não, acordo na OPEP, Rui Bárbara, economista do Banco Carregosa, disse à TVI que “´é muito difícil estimar a evolução do preço do petróleo porque o preço não reflete, de forma mais ou menos transparente, a procura e a oferta. Além de ser um produto negociado por um cartel (cartel da produção, a OPEP, liderado pela Arábia Saudita), em que os preços são fixados artificialmente, por razões de conveniência de vária ordem, o valor é também muito dependente de fatores geopolíticos”.
O mesmo economista referia que as oscilações do preço da matéria-prima deveriam colocar o valor entre os 40 e os 60 dólares por barril nos próximos tempos.
Mas sim assim não for, e se o preço da matéria-prima subir, significativamente, a única forma dos portugueses pagarem menos pelos combustíveis será mesmo esperando que o Governo baixe a carga fiscal que incide sobre os mesmos – os impostos.