UGT: Cavaco deve dar posse ao PS o "mais rapidamente possível" - TVI

UGT: Cavaco deve dar posse ao PS o "mais rapidamente possível"

Carlos Silva [Lusa]

Secretário-geral da União Geral de Trabalhadores diz que deve ser evitado o cenário de um Governo de gestão

O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) defendeu esta quarta-feira que o Presidente da República deve dar posse o mais rapidamente possível a um executivo do PS, evitando o cenário de um Governo de gestão.

Carlos Silva transmitiu esta posição aos jornalistas no final de um encontro com o candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa, na sede da UGT, salientando que falava enquanto secretário-geral desta central sindical: "A minha posição pessoal não importa para aqui".

O secretário-geral da UGT disse não ver "obstáculo nenhum" à formação de um Governo do PS com apoio dos partidos à sua esquerda, acrescentando: "O que importa é que o Governo governe e que o Presidente da República, quando o entender, dentro das suas prorrogativas presidenciais, lhe possa dar posse o mais rapidamente possível, evitando, naturalmente, o cenário de um Governo de gestão".

"A minha opinião se calhar é a opinião da maior parte dos portugueses que ouvem estas coisas: querem é um Governo rapidamente em exercício de funções, que dê naturalmente cumprimento à expectativa que há neste momento em centenas de milhar de trabalhadores de verem recuperar a justiça social, os seus salários, os seus rendimentos, e terem uma vida mais desafogada a partir de janeiro do próximo ano", reforçou.


Questionado sobre a atual situação política, Carlos Silva começou por "apelar à serenidade, à necessidade de convergência", apontando o exemplo o da UGT: "É aquilo que nós fazemos há 37 anos".

Carlos Silva, que há cerca de um mês defendeu ser preferível que houvesse um compromisso entre PSD, CDS-PP e PS, fez questão de frisar que uma coisa é a posição da UGT e outra a sua opinião pessoal, que disse não ter mudado.

"Enquanto secretário-geral, o que é importante para nós é que muitas das medidas preconizadas pelo PS e pelo acordo à esquerda venham ao encontro das expectativas que a UGT defendeu e continua. E, portanto, é com satisfação que vemos que haverá naturalmente uma aplicação prática a partir de janeiro de muitas delas", acrescentou.

Carlos Silva, considerou, também, que, com um Governo do PS apoiado pelos partidos à sua esquerda em funções, poderá haver um ambiente propício a maior convergência entre centrais sindicais.

O secretário-geral da UGT disse ter ouvido o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, "referir que, eventualmente, a CGTP irá ao encontro de muitas das expectativas políticas e sociais que o próximo Governo vem trazer aos trabalhadores".

"Portanto, até poderá haver um eventual clima de menor conflitualidade social. As centrais sindicais já têm estado convergentes em muitas coisas. Poderá haver um clima mais propício a uma maior convergência em muitas das matérias que venham aí", considerou.


Antes, interrogado sobre a manifestação organizada pela CGTP
que se realizou na terça-feira em frente à Assembleia da República, Carlos Silva declarou que esta central sindical "tem uma ação muito preponderante na rua", acrescentando: "Quem quer ter visibilidade mediática fará os entendimentos e as manifestações que entender. Nós preferimos manifestar-nos à mesa das negociações".

"E quando o PS for Governo, naturalmente, chamará os parceiros sociais para auscultar as suas preocupações, e nós é na mesa das negociações que iremos ao encontro do próximo Governo", completou.

O secretário-geral da UGT saudou o aumento do salário mínimo previsto no programa que o PS negociou com BE, PCP e PEV: "Se os números vêm ao encontro dos nossos, naturalmente que estamos satisfeitos, porque se calhar a nossa ponderação e a nossa moderação nessa expectativa vai ao encontro daqueles que serão os futuros cenários macroeconómicos do próprio Governo".

"Eu acho que é um ponto de partida muito importante do ponto de vista das expectativas criadas aos trabalhadores deste país, que querem a reversão de medidas penosas de austeridade dos últimos quatro anos. Agora, importa que isso seja feito num cenário de estabilidade", considerou.
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