«Não foi a PT que fez cair o BES, foi o BES que fez cair a PT» - TVI

«Não foi a PT que fez cair o BES, foi o BES que fez cair a PT»

Henrique Granadeiro (Lusa/João Relvas)

Henrique Granadeiro aponta o dedo a Morais Pires e Joaquim Goes, por terem conhecimento dos problemas do GES e não terem alertado a Portugal Telecom. O ex-presidente da PT garante que só em maio detetou um «primeiro indício» desses problemas, mas admite que já antes existiam «rumores», que iam sendo desvalorizados devido às declarações da ministra das Finanças, do governador do Banco de Portugal e do Presidente da República

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Henrique Granadeiro admite que o colapso do BES/GES «fez cair a Portugal Telecom», acusando os dois administradores comuns, Morais Pires e Joaquim Goes, de terem «omitido» informação.
 

«Isto que aconteceu foi o pior que poderia ter acontecido à minha carreira. Isto destruiu a minha carreira. Sinto-me injustiçado. Alguém tinha que me dar sinais. Não foi a PT que fez cair o BES, foi o BES que fez cair a PT».


Segundo o ex-presidente da PT, os administradores comuns à empresa de telecomunicações e ao banco foram «desleais» e deixaram-no «magoado».
 

«Não cumpriram os deveres de lealdade para comigo pelo facto de serem administradores da PT e de terem funções no BES relacionadas com esta matéria. Estou magoado, mais do que isso até…»


Recorde-se que os dois ex-administradores do BES também tinham lugar no Conselho de Administração da PT, devido à posição acionista do banco na operadora de telecomunicações.

Por tudo isto, o ex-presidente considera que a PT devia processar o BES/Novo Banco
.

Granadeiro já tinha assegurado que, na altura dos investimentos na Rioforte na ordem dos 897 milhões de euros, não havia, dentro da PT, «qualquer indício» de problemas no GES e que seriam Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes a estar a par deles. Pelo que, concluiu, a informação foi «deliberadamente omitida».
 

«O CFO do BES [Morais Pires] tinha todos os conhecimentos necessários para discernir sobre esse investimento (na Rioforte) e tinha o dever reforçado de saber a informação que foi deliberadamente omitida». 

«Joaquim Goes tinha de conhecer as implicações que tal investimento tinha de ter para a PT».

 

O ex-presidente da PT considera que a empresa foi vítima dessa omissão até porque só conheceu a realidade das contas «em junho». 
 

«Não existia qualquer elemento que permitisse concluir ou suspeitar de existência de qualquer situação que pudesse colocar em risco o investimento realizado».


No entanto, Granadeiro admitiu que o «primeiro indício» dos problemas no GES surgiu em maio, quando leu o prospeto do aumento de capital do BES e viu que havia «fatores de risco».

«Foi o primeiro sinal que me fez perguntar», admitiu, explicando desde logo que não falou com Ricardo Salgado sobre isso porque o aumento de capital «foi subscrito pela aristocracia da banca internacional».

Antes disso, Henrique Granadeiro confessou que existiam «rumores», mas que estes nada valiam à beira das declarações da ministra das Finanças, do governador do Banco de Portugal e do Presidente da República, que iam afirmando que «não havia problema nenhum com o BES».

Durante a audição na comissão de inquérito ao colapso do BES/GES, o ex-presidente da PT já tinha dito que é sua «convicção» que  Zeinal Bava sabia destas aplicações na Rioforte, ao contrário do que este afirmou no Parlamento na semana passada.

Granadeiro traçou Bava como um gestor que tinha «a mão muito em cima»
das coisas, contrariando a versão de que não sabia nada do que se passava, e pediu ainda desculpa aos acionistas da PT lesados com a fusão com a Oi. Na intervenção inicial, já tinha assumido a culpa da presidência «a dois» da operadora.

Henrique Granadeiro adiantou também que está convencido que os 897 milhões de euros investidos na Rioforte seriam devolvidos à PT se o banco não tivesse colapsado.  
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