Contra Trump: Ford, Starbucks, tecnológicas...até o Goldman Sachs - TVI

Contra Trump: Ford, Starbucks, tecnológicas...até o Goldman Sachs

Protestos contra a proibição de Trump em relação aos refugiados e estrangeiros

Sillicon Valley em peso e outras empresas estão contra o decreto do presidente dos EUA para bloquear a entrada de estrangeiros e refugiados de sete países. Não só condenam, como algumas passam à ação, doando dinheiro para a defesa dos direitos humanos

No início do mês, a Ford dizia que ia dar um “voto de confiança” a Donald Trump, cancelando os seus planos de construção de uma estrutura no México para investir 700 milhões de dólares na construção de uma fábrica no Michigan. Rapidamente se desiludiu. As ordens do presidente norte-americano para fechar as fronteiras a refugiados e imigrantes islâmicos de sete países  - Iraque, Síria, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen - encheram facilmente para o caldo entornar. E a Ford não é caso único. Várias empresas tecnológicas como a Microsof, o Google, a Apple, o Facebook e o Netflix, ou na banca, o grupo Goldman Sachs e, na restauração, o Starbucks estão contra.

Se durante o fim de semana, grande parte da indústria automobilística ficou em silêncio, hoje o chairman da Ford, Bill Ford, e o presidente-executivo, Mark Fields, emitiram uma declaração conjunta a dizer claramente que não suportam esta opção política de Trump “ou qualquer outra que vá contra” os nossos valores da empresa.

"Vamos continuar a trabalhar para garantir o bem-estar dos nossos funcionários, promovendo os valores de respeito e inclusão no local de trabalho", promete a fabricante automóvel, por e-mail, aos funcionários. 

A cidade natal da Ford, podemos chamar-lhe assim, é Dearborn, considerada a capital muçulmana da América. Mais de 30% da população tem descendência árabe e nos dez anos que antecederam 2015 recebeu mais de 19.500 refugiados do Iraque e da Síria, precisamente dois dos sete países agora visados pela proibição de Donald Trump.  E, naturalmente, muitas pessoas da comunidade trabalham ali. 

Da Starbucks surge uma “profunda preocupação, um peso no coração” perante a medida de Donald Trump. Mas não se fica só por lamentos ou pela condenação diplomática. Faz uma promessa aos seus parceiros, numa comunicação online.

Estamos a desenvolver planos para contratar 10.000 deles [dos refugiados] ao longo de cinco anos nos 75 países onde a Starbucks faz negócios. E vamos começar este esforço aqui nos EUA”.

O CEO Howard Schultz recorda que mais de 65 milhões de cidadãos de todo o mundo foram reconhecidos como refugiados pelas Nações Unidas. Defende, ao mesmo tempo, a construção de pontes e não de muros com o México, onde tem 600 lojas e emprega 7.000 pessoas que “vestem com orgulho o avental verde”.

Esta empresa norte-americana tem uma herança comum com aquele país vizinho: o café. Foi o café que fez a Starbucks doar mais de um milhão de cafeeiros para apoiar 70.000 famílias. “Vamos expandir esta iniciativa este ano para gerar mais quatro milhões de doações de árvores”.

Mais: “Estamos prontos para ajudar e apoiar os nossos clientes, parceiros e famílias mexicanas que enfrentam o impacto que as sanções comerciais, as restrições à imigração e os impostos podem ter nos seus negócios e na confiança que têm nos americanos. Vamos continuar a investir neste mercado tão importante”.

Na banca, até o grupo Goldman Sachs, que viu alguns ex-dirigentes nomeados para cargos na nova administração norte-americana, já veio criticar o decreto presidencial de Donald Trump.

Não é uma política que apoiemos e assinalo que já foi contestada num tribunal federal com algumas disposições do decreto bloqueadas, pelo menos provisoriamente".

O presidente do grupo financeiro, Lloyd Blankfein, acrescenta, na mensagem interna, a que a AFP teve acesso, que "se o decreto for aplicado, reconheço que há um risco potencial para a empresa e em particular para alguns dos nossos funcionários e familiares”.

Trump, talk to the hand

No fim-de-semana, uma mão cheia de empresas tecnológicas rapidamente se fez ouvir.

A Apple não existiria sem a imigração”.

 

As medidas de Trump afetam os empregados da Netflix em todo o mundo. É tempo de unir esforços para proteger os valores norte-americanos de liberdade e oportunidade".

 

Estamos preocupados com o impacto deste decreto e com qualquer proposta que pode impor restrições sobre os funcionários do Google [187 diretamente afetados] e das suas famílias, e que poderia criar barreiras para a importação de talentos para os Estados Unidos". 

 

«Enquanto CEO e imigrante, pude experienciar e vi o impacto positivo que a imigração tem na nossa empresa [a Microsoft], no país e no mundo», diz o CEO, Satya Nadella, no Twitter.

 

Mark Zuckerbeg, Facebook: "Os meus bisavós vieram da Alemanha, Áustria e Polónia. Priscilla [a sua mulher] é filha de pais refugiados provenientes da China e do Vietname. Os Estados Unidos são uma nação de imigrantes, e devemos estar orgulhosos disso".

Silicon Valley em peso está contra Trump. O parque que reúne as maiores empresas tecnológicas do mundo tem beneficiado com a globalização e tem cenas de trabalhadores estrangeiros entre os seus estrangeiros. Tem e tinha. Steve Jobs, o fundador da Apple, falecido há seis anos, era filho de um imigrante sírio.

A Google, por exemplo, já fez regressar de urgência um empregado da Nova Zelândia. E, à semelhança da Starbucks, quer partir para a ação, doando 4 milhões de dólares a quatro organizações de defesa dos direitos humanos.

A Airbnb consta igualmente do leque de empresas que já anunciou medidas práticas: compromete-se a dar alojamento gratuito a quem for afetado pela proibição de Trump, desde refugiados a turistas, que fiquem bloqueados nos aeroportos. PAra isso, a empresa pretende relançar o seu programa de desastres naturais, apelando a quem está registado na plataforma para que ofereça os seus espaços para esta finalidade. 

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE