Proprietários: novo imposto sobre património é "garrote fiscal" - TVI

Proprietários: novo imposto sobre património é "garrote fiscal"

  • Redação
  • VC - Atualizada às 10:59
  • 15 set 2016, 10:06

Associação Nacional de Proprietários lembra: "O facto de eu ser detentor de património, não quer dizer que eu tenha dinheiro para pagar os impostos". Associação Lisbonense de Proprietários fala em "ódio ideológico da esquerda"

Os proprietários estão contra a criação de um novo imposto sobre o património imobiliário, aplicado em paralelo com o IMI. Acusam o Governo de fazer deles um "saco de boxe" e falam mesmo em "garrote fiscal".

Lamentamos ser o saco de boxe desta questão toda. Se for para a frente, constitui um garrote fiscal, pois o facto de eu ser detentor de património, não quer dizer que eu tenha dinheiro para pagar os impostos (...). Não se entende que quem trabalhou e poupou deva ser castigado, ficando sem o património que amealhou. Eu posso ter um património de 500 mil euros e ter um rendimento baixinho. Essas pessoas para sobreviver provavelmente vão vender ao desbarato a chineses e outros estrangeiros”.

O presidente da Associação Nacional de Proprietários, António Frias Marques, teceu este comentário, em declarações à Lusa, depois de PS e Bloco de Esquerda terem chegado a acordo para a criação de um novo imposto sobre o património imobiliário, que deverá abranger apenas os imóveis de valor mais elevado, ao que tudo indica acima de 500 mil euros.

No entender do presidente da ANP, o “verbo ter não é sinónimo do verbo ganhar ou receber, e isto acontece com milhares de pessoas que recebem heranças envenenadas, ou seja, recebem o património, mas não dinheiro”.

António Frias Marques lembrou que este imposto existe noutros países com o nome imposto sobre o património e inclui ações, dinheiro, jóias, entre outros.

“Embora não seja aceitável, seria mais sério, porque estamos a utilizar a técnica de salame e a seccionar os diversos grupos de pessoas que podem ser atingidas”.

Resumindo, para o representante dos proprietários, a situação “é uma injustiça”. E é também “muito grave” na medida em que o imposto só será aplicado a portugueses com residência fiscal em Portugal.

“Há franceses que estão a comprar imenso em Portugal, mas como não têm cá residência fiscal, estão a salvo, é como se não existissem. Isto é uma injustiça. Os cidadãos não podem ser discriminados desta forma”, considerou.

O departamento jurídico da associação vai agora analisar a questão.

"Ódio ideológico da esquerda faz dos proprietários bode expiatório"

A Associação Lisbonense de Proprietários também se insurgiu hoje contra o novo imposto, com o seu presidente, Mezenes Leitão, a considerar a medida “absurda”, lembrando que Portugal que já tem um imposto sobre o património imobiliário: “o IMI e é elevadíssimo”.

Os proprietários são, mais uma vez, o bode expiatório da incompetência politica e financeira deste Governo. Ontem [quarta-feira], já se verificou uma grande dificuldade de colocação da dívida portuguesa no mercado e o que se está a passar é que medidas que foram feitas para satisfazer certas clientelas, como as 35 horas na função pública ou a diminuição do IVA na restauração, são pagas pelos proprietários”

“Agora, é criado um segundo imposto sobre o mesmo património, quando todo o outro património fica de fora. O que significa que os proprietários são os únicos a serem perseguidos por esta cegueira ideológica do Governo”, acusou ainda.

Menezes Leitão alertou ainda para o facto de os partidos políticos terem um “riquíssimo património imobiliário”, apontando que “vão continuar a ficar isentos de imposto porque a lei dos partidos políticos já os isenta de qualquer futuro imposto sobre património imobiliário”.

“É uma situação que demonstra a profunda injustiça em que Governo vive e uma grande irresponsabilidade, porque isto vai causar uma profunda receção no setor imobiliário, que era o único que estava a dar alguns sinais de recuperação”, afirmou ainda.

A medida associada a um congelamento de rendas faz a associação não acreditar que “haja mais ninguém que queria investir em imóveis”.

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