Empresas em Portugal pretendem baixar investimento este ano - TVI

Empresas em Portugal pretendem baixar investimento este ano

Dinheiro [Reuters]

Principal fator limitativo do investimento empresarial identificado pelas empresas nos dois anos analisados foi a deterioração das perspetivas de venda, seguindo-se a incerteza sobre a rentabilidade dos investimentos

As empresas em Portugal deverão investir menos este ano do que em 2014, segundo as intenções manifestadas no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de outubro de 2014, divulgado hoje pelo INE.

Escreve a Lusa que, o Instituto Nacional de Estatística (INE) indica que «o investimento empresarial deverá apresentar uma taxa de variação nominal de -2,2% em 2015», mas, relativamente ao ano passado, os resultados do inquérito apontam para um aumento de 1% do investimento, «traduzindo uma revisão em baixa face às perspetivas reveladas no inquérito anterior (variação de 2,4%)».

O principal fator limitativo do investimento empresarial identificado pelas empresas nos dois anos analisados foi a deterioração das perspetivas de venda, seguindo-se a incerteza sobre a rentabilidade dos investimentos.

Para o INE, entre 2014 e 2015, prevê-se uma redução do peso relativo no primeiro caso e um aumento no segundo caso. Os resultados apurados no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de outubro de 2014 apontam para que, em 2014, se tenha registado um aumento nominal de 1% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) empresarial.

Esta taxa representou uma revisão em baixa de 1,4 pontos percentuais (p.p.) face ao resultado obtido no inquérito de abril de 2014, «o que poderá estar associado ao adiamento ou cancelamento de investimentos», refere o INE.

Se se considerar a dimensão das empresas por escalões de pessoal ao serviço, destacam-se as empresas com 500 ou mais pessoas por registarem o contributo positivo mais significativo (5,1 p.p.) para a variação do investimento em 2014, traduzindo um acréscimo de 14%.

Em sentido oposto, as empresas com menos de 50 pessoas apresentaram o contributo negativo mais expressivo (-3,0 p.p.), em resultado de uma diminuição de 12,6% do investimento.

A evolução negativa do investimento empresarial entre 2014 (1,0%) e 2015 (-2,2%) deveu-se, segundo o inquérito, «à redução do contributo positivo» das empresas com mais de 500 pessoas.

No apuramento realizado para um conjunto de empresas da secção de indústrias transformadoras, que apresentam uma vertente mais exportadora, «estima-se que o investimento tenha diminuído 3,2% em 2014. Esta redução foi menos intensa do que a verificada para o conjunto das empresas exportadoras (-7,6%), tendo o total de empresas apresentado um aumento do investimento (1,0%)».

Relativamente a 2015, perspetiva-se uma variação de -5,1% do investimento empresarial nas empresas exportadoras, que compara com uma variação de -3,2% para o conjunto da secção de indústrias transformadoras e de -2,2% para o total de empresas.

O inquérito conclui também que a variação de 1% da FBCF empresarial apurada para 2014 resultou dos contributos positivos dos destinos do investimento em construções e em equipamentos (2,5 p.p. e 1,9 p.p., respetivamente), enquanto o contributo negativo mais significativo verificou-se na afetação em outros investimentos (-2,4 p.p.).

Para 2015, o investimento em equipamentos apresenta o contributo negativo mais expressivo (-1,4 p.p.) para a variação do investimento total (-2,2%), enquanto os outros investimentos registam o único contributo positivo (0,9 p.p.).

O autofinanciamento continua a ser a principal fonte de financiamento para o investimento das empresas inquiridas, representando 69,1% e 69,7% do total em 2014 e 2015, respetivamente.

Na média dos dois anos, esta fonte de financiamento assume particular relevância nas secções de atividades de informação e de comunicação (97,2%), de indústrias extrativas (91,0%) e de eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (89,4%).

Para a maioria das empresas, o principal fator limitativo ao investimento continua a ser a deterioração das perspetivas de vendas (49,8% e 48,3% em 2014 e 2015, respetivamente), seguindo-se a incerteza sobre a rentabilidade dos investimentos (18,0% e 19,7%).
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