“Um falhanço no acordo vai marcar o início de um penoso caminho que irá levar, primeiro, ao incumprimento da Grécia e em última análise à saída do país da zona euro e muito provavelmente da união Europeia”.
O banco central defende que um acordo é “um imperativo histórico” que a Grécia “não pode dar-se ao luxo de ignorar”. Se isso não acontecer, argumenta, o país terá uma “crise incontrolável”, com grandes riscos para o a estabilidade e o sistema financeiros.
“Tudo isto vai implicar uma recessão profunda, um declínio dramático nos rendimentos, um aumento exponencial do desemprego e um colapso de tudo aquilo que a Grécia conseguiu durante o tempo que permaneceu na União Europeia, especialmente na zona euro”.
Para o banco central, as linhas mais importantes de um possível acordo já estão cobertas, faltando muito pouco para negociar. A instituição defende que a descida das metas orçamentais é uma decisão de extrema importância e que estende significativamente o tempo necessário para o ajustamento fiscal.
Igualmente importante, diz o Banco da Grécia, é a reafirmação e a articulação com a vontade dos credores, “em termos mais específicos”, de providenciar um alívio da dívida.
“O que precisamos hoje é de um acordo de dívida viável que poupe as futuras gerações de um fardo que não temos o direito de lhes impor”.
O comunicado do Banco da Grécia surge no dia em que o governo britânico confirmou que está a preparar um plano de contingência para se preparar para os “sérios riscos económicos” decorrentes de um incumprimento por parte da Grécia e a possível saída do euro.
O ministro das Finanças, George Osborne, citado pelo The Guardian, sublinhou que o governo do Reino Unido está a tomar todas as medidas para proteger o país. O primeiro-ministro britânico vai discutir a crise grega com os homólogos italiano e luxemburguês esta quinta-feira.
O presidente do Eurogrupo já reagiu aos avisos do banco central grego: Jeroen Dijsselbloem sublinhou que "o tempo está a esgotar-se" mas que "um acordo ainda é possível".
A menos de duas semanas de terminar o prazo para a Grécia pagar 16 mil milhões de euros ao FMI, as posições extremam-se. O presidente da Comissão Europeia acusa o governo grego de estar a enganar os seus cidadãos, relativamente às medidas propostas para resolver a situação financeira do país, e não estar a transmitir as propostas “reais” da Comissão.
Entretanto a banca grega continua a enfrentar uma fuga massiva de depósitos. Só na segunda-feira, depois de mais um fim-de-semana de reuniões que terminou sem acordo entre Atenas e os credores, foram levantados 400 milhões de euros.