A proposta consiste em substituir a dívida externa grega por obrigações indexadas ao crescimento da economia e obrigações perpétuas. Na entrevista ao «Financial Times» em que apresentou o plano, Varoufakis admitiu que vê esta solução como uma «engenharia inteligente de dívida» que evitará o chamado perdão de dívida, veementemente rejeitado, por exemplo, pela Alemanha.
Vários especialistas viram nestas palavras uma concessão às exigências dos credores, uma vez que o Syriza sempre defendeu que a dívida grega é insustentável e que teria de ser renegociada. O plano foi considerado um «recuo» e o ministro grego foi acusado de estar a «implorar» por dinheiro.
Markets less nervous about Greece. Gk Fin Min seems to be backing away from debt haircut and proposing new bonds so protecting investors.
— Gavin Hewitt (@BBCGavinHewitt) 3 fevereiro 2015
Syriza said would refuse to talk to Troika, now begging Troika to allow extra EUR10trn of T-bill issuance http://t.co/JLVX16yvFH
— Simon Nixon (@Simon_Nixon) 3 fevereiro 2015
No entanto, o próprio ministro das Finanças grego apressou-se a explicar que não há «inversão de marcha» na sua proposta e que a «promessa» do Syriza se mantém no que diz respeito a tornar a dívida sustentável. Há apenas uma «substituição» do «perdão» por «eufemismos e trocas».
@PaulGambles2 Our promise = solid. Debt will be rendered sustainable, even if we replace haircut with euphemisms & swaps. No U-turn!
— Yanis Varoufakis (@yanisvaroufakis) 3 fevereiro 2015
Recuando no tempo, o Syriza sempre declarou como objetivo o perdão de parte da dívida. Em abril de 2014, numa visita a Portugal, Alexis Tsipras dizia que «a única saída realista» para a Europa seria a realização de uma cimeira semelhante à que perdoou a dívida da Alemanha, em 1953. «Não há outra alternativa senão tentar renegociar a nossa dívida em conjunto», afirmou, na altura.
Já no final do ano, com a perspetiva de eleições antecipadas, o economista-chefe do Syriza, John Milios, defendia, em entrevista ao «The Guardian», que «mais de 50 por cento» da dívida grega tinha de ser eliminada, exemplificando novamente com o perdão europeu que se seguiu à II Guerra Mundial.
No entanto, e embora a ideia de um perdão possa ter sido utilizada para cativar os eleitores, o Syriza não deixou de admitir outros caminhos para a renegociação. No primeiro comício da campanha, a 3 de janeiro, Tsipras considerava que teria de negociar com a Europa assente numa «base realista», para tornar a dívida grega sustentável «com medidas que não prejudiquem os povos europeus».
O agora primeiro-ministro grego deixou antever o que esperava: que «a dívida seja paga com crescimento». Portanto, indo de encontro ao que Yanis Varoufakis propõe à Europa.
Varoufakis anda há anos a reclamar indexação do pagamento das dívidas ao cresc económico. Agora q verbaliza isso como MFIN dizem que recuou
— RuiMCB (@RuiMCB) 3 fevereiro 2015
He entrevistado a Yanis #Varoufakis en varias ocasiones en los pasados años y ahora pienso: y si lo hubieran escuchado antes? #Grecia
— Irene SAVIO (@TheCReporter) 3 fevereiro 2015