E, se os líderes do euro chegarem a acordo sobre a proposta final, será pegar ou largar: ou a Grécia aceita as exigências dos credores, ou poderá sair temporariamente do euro, com uma eventual renegociação da dívida.
O condicional coloca-se porque não houve acordo sobre esa exigência na reunião do Eurogrupo. E surge como a última linha do documento de quatro páginas que saiu da reunião domingo.
Já este sábado tinha havido rumores sobre a proposta de saída temporária da Grécia da zona euro por cinco anos, mas este domingo o ministro o presidente do Parlamento Europeu admitiu que houve, de facto, uma proposta para um Grexit temporário, mas revelou que a proposta não foi aceite por Atenas. Mas a verdade é que continua em cima da mesa.
De acordo com o documento, Atenas necessitará de um financiamento entre 82 a 86 mil milhões de euros. Para o conseguir, as autoridades gregas terão de aprovar no parlamento, até quarta-feira (15 de julho), um conjunto de medidas prévias:
. Redefinição do sistema do IVA, alargando a base tributária para aumentar a receita, isto é, colocar mais produtos na taxa máxima de 23%
. Medidas que aumentem a sustentabilidade do sistema de pensões
. Adoção de um Código de Processo Civil, para acelerar as decisões judiciais e reduzir custos
. Salvaguardar a independência do Instituto Nacional de Estatística ( ELSTAT)
. Implementação total das questões relevantes do Tratado Orçamental
. Transposição da diretiva comunitária relativa ao Fundo de Resolução no espaço de uma semana
Esta última questão é importante porque só assim a Grécia poderá fazer um resgate aos bancos, que estão à beira do colapso.
De acordo com o documento, o setor da banca receberia 10 a 25 mil milhões de euros deste terceiro resgate, para uma eventual recapitalização e para custos de resolução (resgate a bancos). Dez mil milhões estariam disponíveis imediatamente. Recorde-se que os bancos estão encerrados desde o final do mês de junho e foi decretado o controlo de capitais.
Os credores querem também que a Grécia se comprometa formalmente a reforçar as suas propostas:
. Reforma ambiciosa do sistema de pensões e adoção de medidas específicas que compensem o impacto fiscal da decisão do Tribunal Constitucional sobre a reforma das pensões, em 2012, e implementar a cláusula de “défice zero” ou acordar alternativas em outubro
. Reformas do mercado, incluindo a abertura do comércio ao domingo e o estabelecimento de novas regras para farmácias e padarias, saldos, etc
. Continuação da privatização da empresa de serviços de eletricidade (ADMIE)
. No mercado laboral, fazer avaliações rigorosas da negociação coletiva, greves e despedimentos coletivos, de acordo com o calendário e o ângulo acordado pelas instituições
. Adotar os passos necessários para fortalecer o setor financeiro, incluindo medidas decisivas sobre o crédito malparado
Outras medidas que têm de ser tomadas pelo governo grego:
. Programa alargado de privatizações
. Modernização e fortalecimento da administração pública
. Normalizar os métodos de trabalho com os credores para melhorar a implementação e monitorização do programa