Cavaco defende saída do FMI da troika - TVI

Cavaco defende saída do FMI da troika

Presidente defende que países em apuros sejam acompanhados apenas por instâncias europeias e critica divergências no seio da troika

O Presidente da República defende que é altura de reponderar a composição da troika, com a saída do Fundo Monetário Internacional (FMI), e sugeriu que os países em dificuldades sejam apenas acompanhados por representantes das instituições europeia.

«Penso que é altura de reponderar a composição dessa equipa porque temos uma instituição que é o Fundo Monetário Internacional e temos uma Comissão [Europeia] e um Banco Central Europeu e o que nós sabemos é que os objetivos e as visões do Fundo Monetário Internacional não coincidem com as visões e os objetivos da União», afirmou o chefe de Estado aos jornalistas.

Cavaco Silva, que se encontra em Estrasburgo no âmbito de uma visita que está a realizar até quinta-feira às instituições europeias, reconheceu que «talvez o FMI tenha sido muito útil numa primeira fase», mas neste momento deve-se começar a pensar que «para o desenho e para o acompanhamento de políticas de países em dificuldades financeira da União devem ser apenas representantes dessa mesma União, das instituições dessa mesma União, a tratar do assunto».

«O objetivo do FMI está muito voltado para a estabilização financeira, na União [Europeia], nós temos objetivos de desenvolvimento harmonioso, de coesão e de crescimento económico», afirmou Cavaco Silva.

«Talvez o Fundo Monetário Internacional tenha sido muito útil numa primeira fase, mas agora talvez seja de pensar que para um futuro existirá como que um Fundo Monetário Europeu e, então, o problema ser acima de tudo acompanhado pelos representantes das instituições europeias», acrescentou.

O Presidente da República admitiu ainda ser «estranho» que tenham surgido «divergências institucionais» dentro da equipa da troika, numa alusão ao programa desenhado para o resgate da Grécia.

«O FMI está habituado a tratar com países isoladamente», enquanto na UE existe «uma grande interdependência das políticas económicas e financeiras», as possibilidades de contágio «são muito fortes», motivo pelo qual não se pode separar um Estado-membro dos restantes.

«Depois da experiência de uma troika com o FMI, é minha opinião pessoal que era melhor pensar em representantes das instituições europeias. No fundo, era imaginar como que um Fundo Monetário Europeu para desenhar [e] acompanhar as políticas de ajustamento dos Estados-membros em dificuldades, tendo em linha de conta aqueles que são os valores, os princípios e os objetivos da União a que pertencemos», sustentou.

Cavaco Silva congratulou-se ainda com o facto de o presidente do Parlamento Europeu ter «reconhecido» hoje que «é tempo de fazer uma reflexão sobre a composição e o papel da troika nesta nova fase de execução dos programas de ajustamento».
Continue a ler esta notícia