Construção: «Famílias já recorrem ao Banco Alimentar» - TVI

Construção: «Famílias já recorrem ao Banco Alimentar»

Sindicato pede demissão do ministro da Economia e corrige número de afetados pelo lay-off na Tecnovia

O lay-off na Tecnovia é mais um exemplo da grave situação por que está a passar a construção, setor que perdeu mais de metade das encomendas. O sindicato do setor pede a demissão do ministro da Economia, o «responsável» pelo que se está a passar e que «deve ser demitido pela sua insensibilidade, porque já muitas famílias do setor da construção que estão a recorrer ao Banco Alimentar. Há quadros superiores, operários e intermédios a entregar as casas à banca e ele é insensível a tudo isto», acusou Albano Ribeiro, em entrevista à TVI24.

«Nós somos contra o lay-off. Queremos que setor seja relançado, porque todos os dia 20 empresas do setor estão a desaparecer», estando em causa já «mais de 11 mil postos de trabalho».

Setor admite sair à rua

Albano Ribeiro defende que o «setor não seja varrido como está a ser pelo ministro da Economia». Sindicatos, empresas e trabalhadores «têm de intervir».

Foi pedida uma reunião «urgente» ao primeiro-ministro. O sindicato espera que Passos Coelho «seja sensível». «Há grandes obras que dizem que vão parar, como escolas, estradas, e barragens, e se isso acontecer naturalmente que os trabalhadores da construção vão sair à rua e isto pode ser evitado com esta reunião de carácter urgente».

O que é certo é que «não podemos assitir impávidos e serenos - empresas, trabalhadores e sindicatos - a esta situação, de um ministro que é insensível e provou que é incompetente».

Albano Ribeiro deu o exemplo dos Túneis do Marão: «Está a enganar os portugueses há 480 dias a dizer que os túneis reabririam no espaço de 60 dias e estão parados. Há dias ouvi-o a dizer, numa declaração, vamos criar dezenas de postos de trabalho. Ele se quiser, só nesta infra-estrutura importante, cria 1.400 postos de trabalho».

Em regime de lay-off, a Tecnovia ainda admitiu assegurar alguma continuidade das obras em curso, mas Albano Ribeiro só vê uma saída para isso acontecer. «Claro que se vão acabar as obras em curso com nenos 340 trabalhadores [o sindicato corrige o número de afetados pelo lay-off (a empresa disse que eram 330] só há uma explicação: haver uma maior carga horária para trabalhadores que até pode provocar acidentes».

Quem ganhava mil euros, passa a receber 666

Um trabalhador abrangido pelo regime de lay-off, se antes ganhava mil euros, passa a ganhar 666 euros. E quem ganhava 500 euros vai receber o salário mínimo nacional. «Uma redução muito significativa quer para trabalhadores, quer para as suas famílias», aponta o membro do sindicato da Construção de Portugal.

Os funcionários da Tecnovia vão ficar em casa durante seis meses. «Vim ainda mais preocupado do que quando entrei para a reunião, porque a empresa faturava até agora 8 milhões e vai cair para 1 milhão, quando tem despesas fixas de 2 milhões. É muito complicado».

Há mais empresas que recorrerão ao lay-off. Albano Ribeiro deu o exemplo da Soares da Costa tem um plano para reduzir 600 postos de trabalho.
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