«Grécia arrisca-se a sair do euro» - TVI

«Grécia arrisca-se a sair do euro»

Aviso parte do conselheiro do ex-primeiro-ministro, Lucas Papademos

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A Grécia arrisca-se a ter de abandonar a moeda única se denunciar os acordos estabelecidos com a troika, alertou esta quarta-feira o conselheiro económico do primeiro-ministro cessante. O grupo de reflexão European Policy Center considera que a indefinição na Grécia é mesmo um «veneno».

«Se dissermos que não a tudo, sairemos da Zona Euro», disse Ghikas Hardouvelis que foi, durante sete meses, conselheiro económico do chefe do governo cessante, Lucas Papademos.

Nas eleições legislativas de domingo passado, a maioria do eleitorado grego votou nos partidos políticos que rejeitam a austeridade dos memorandos de entendimento com a troika. Um resultado que dá à Grécia alguma margem de negociação com os credores internacionais quanto às medidas que o país tem de adotar até 2015, disse Hardouvelis à estação de rádio Skai.

«Mas não se pode pensar que, de repente, mudou alguma coisa na Europa, só porque o povo disse não», acrescentou o antigo banqueiro.

O assessor económico de Papademos comentava assim os apelos para romper o acordo com a troika, feitos pelo Syriza, partido de esquerda radical, que está atualmente a tentar formar governo, depois de ter assegurado o segundo lugar nas eleições de domingo.

«Temos visto as reações dos dirigentes europeus (¿) a única coisa que eles dizem é que a Grécia vai a caminho de sair do euro. Cabe aos gregos reentrar na lógica dos seus parceiros, porque são eles que nos dão o dinheiro», insistiu Hardouvelis.

Mesmo que o país quisesse denunciar os acordos feitos com a troika, tal como defende o Syriza, não o podia fazer, porque Atenas não tem dinheiro para pagar aos pensionistas e aos funcionários públicos, acrescentou.

«Alguém tem de nos dar o dinheiro, senão o país vai entrar em colapso, as fronteiras vão fechar-se(¿) é o que queremos evitar», acrescentou Ghikas Hardouvelis.

O partido vencedor, Nova Democracia (de direita, pró-memorando), desistiu na segunda-feira de tentar formar um novo executivo. O Syriza está desde ontem em negociações mas, até agora, só assegurou o apoio da Esquerda Democrática, o que é insuficiente para a coligação de Governo. Esta quarta-feira, o líder do partido reúne-se com o Nova Democracia e também com o PASOK, que ficou em terceiro lugar nas eleições. O acordo parece altamente improvável, já que os dois partidos (que estavam coligados no último Governo) anunciaram já que não pretendem renunciar aos acordos com a troika.

Caso o Syriza também não consiga formar Governo, será a vez de o PASOK ser convidado a tentar, mas a imprensa grega avança hoje que o seu líder, Evangelos Venizelos, ministro das Finanças dos últimos anos, deverá recusar, preferindo que o Presidente da República grego marque uma reunião com todos os partidos para tentar formar um Governo de salvação nacional, que respeite os compromissos internacionais do país.
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