Portugal coloca 3 mil milhões em dívida a 10 anos - TVI

Portugal coloca 3 mil milhões em dívida a 10 anos

Vítor Gaspar (Lusa/Mário Cruz)

Procura superou 10 mil milhões. Investidores estrangeiros ficaram com 86% do valor emitido

Portugal colocou esta terça-feira três mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a dez anos, naquela que foi a primeira emissão de dívida com um prazo tão longo desde o pedido de resgate internacional, em 2011.

De acordo com dados do Ministério das Finanças avançados pela Reuters, a procura mais que triplicou a oferta, ultrapassando os 10 mil milhões de euros.

De acordo com o Ministério, os investidores estrangeiros absorveram 86% do montante colocado.

A mesma fonte do Ministério das Finanças disse à Reuters que os restantes 14% foram colocados junto de investidores nacionais.

Do valor total da emissão, 27% foram colocados junto de investidores do Reino Unido, 16% nos Estados Unidos, 10% em França, 10% na Escandinávia e 7% em Itália.

«Muitos dos investidores tracionais em obrigações do Tesouro portuguesas estão a voltar a Portugal», disse.

A taxa média ponderada da colocação ficou-se nos 5,669%, e a taxa do cupão fixou-se nos 5,65%.

A dívida foi colocada com recurso a um sindicato de seis bancos, constituído pelo Caixa BI, Citigroup, Crédit Agricole, Goldman Sachs, HSBC e Société Générale.

No último leilão com uma maturidade a dez anos, em janeiro de 2011, o país pagou uma taxa de 6,716%.

Num balanço intermédio da operação, o ministro das Finanças considerou que a mesmo foi um «enorme sucesso».

Yves Mersch, um dos membros do BCE, considerou que o sucesso da emissão, com procura dominada por investidores estrangeiros, é uma recompensa dos mercados pelos esforços feitos no nosso país.

Os resultados oficiais serão apresentados pela secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, em conferência de imprensa, às 18:30 horas.

Portugal quer fazer novas emissões

«Este é o passo decisivo para o acesso pleno ao financiamento de mercado. A partir de agora, vamos emitir regularmente. Os passos não regulares já estão dados, reconstruimos a nossa yield curve», disse fonte oficial das Finanças.

Por sua vez, o presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e Crédito Público (IGCP), João Moreira Rato, disse também à Reuters que Portugal «voltará aos mercados mais frequentemente, a partir de agora».

«Estaremos no mercado mais regularmente a partir de agora, possivelmente reabrindo obrigações já existentes, como fizemos em Janeiro último, ou com novos leilões. Agiremos mais como antes do bailout», destacou.

«Esta emissão benchmark a 10 anos é um passo decisivo no regresso ao financiamento pleno no mercado», salientou a mesma fonte.
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