Recessão em 2013 vai ser o dobro do estimado pelo Governo - TVI

Recessão em 2013 vai ser o dobro do estimado pelo Governo

Previsões do Núcleo de Estado da Universidade Católica apontam para contração de 2,8% este ano

A economia portuguesa deverá registar uma contração de 2% em 2013, o dobro do estimado pelo Governo, segundo as previsões do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), divulgadas esta quarta-feira.

O NECEP estima que o Produto Interno Bruto (PIB) recue 2,8% no conjunto deste ano, após uma contração que calcula ter sido de 3,2% no terceiro trimestre, face ao homólogo, e de 0,6% face ao trimestre anterior.

No terceiro trimestre de 2012, «a economia portuguesa deverá ter contraído 0,6% em cadeia e 3,2% em termos homólogos, continuando a sofrer o impacto do ajustamento orçamental e financeiro em curso e do abrandamento da economia europeia», refere.

«Para 2012, o NECEP estima uma quebra do PIB de 2,8%. Não obstante o quadro muito recessivo, a contração estimada pelo NECEP é ligeiramente menor do que a projetada no programa de ajustamento, em parte devido a uma consolidação orçamental menos forte do que a prevista, mas também em função do bom comportamento das exportações», acrescenta no documento enviado às redações.

As previsões do NECEP contrastam com as do Executivo, que no Orçamento do Estado para 2013 apresenta uma previsão de recessão de 3% este ano e de 1% em 2013. O Governo coincide com o NECEP na previsão da taxa de desemprego para este ano (15,5%), mas é ligeiramente mais otimista que os economistas do Núcleo (16,4% contra 16,7%) na previsão do desemprego em 2013.

O NECEP considera que o Governo «cumpriu, no essencial, o programa estabelecido no memorando de entendimento para 2012, apesar do desvio no défice» e estima que em 2012 a balança de bens e serviços apresente já um saldo positivo e que a balança externa se aproxime bastante do equilíbrio, traduzindo um ajustamento muito rápido e superior ao antecipado», lê-se na Folha Trimestral de Conjuntura.

Para o próximo ano, no entanto, o panorama é mais sombrio: «Para 2013 o NECEP projeta agora um cenário mais recessivo, com uma quebra de 2% do PIB, sendo que o intervalo de estimativa [-1,4%: -2,6%] exclui a atual previsão do Governo», o que constitui «uma importante revisão em baixa face à projeção de julho (que era de -0,9%), resultante do agravamento da conjuntura externa e do ajustamento orçamental exigido para 2013 ser superior ao antecipado, não obstante a meta para o défice orçamental ter sido aliviada pela troika».

Como habitualmente, o NECEP sublinha o «grau de incerteza excecionalmente elevado» destas previsões, argumentando com «a dúvida sobre o cumprimento dos objetivos orçamentais num enquadramento político e social menos favorável do que em 2012» e, no plano externo, com os «sinais de desaceleração da economia mundial» e até o «resultado das eleições americanas».
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