Salazar, Fidel e Coca-Cola - TVI

Salazar, Fidel e Coca-Cola

O refrigerante mais famoso do mundo faz 127 anos. Saiba o que Fernando Pessoa e Nucha têm em comum com Coca-Cola

Mais do que uma bebida, a Coca-Cola é um símbolo da cultura norte-americana. Afinal, o refrigerante só entrou pela primeira vez na Rússia nos anos 80, por força dos Jogos Olímpicos de Verão de Moscovo, e só com a queda do muro de Berlim é que o consumo se banalizou.

O historiador Tom Standage, que escreveu «A História mundial em seis garrafas», conta à BBC que, nesse momento, «beber Coca-Cola se tornou num símbolo da liberdade». Aliás, a comédia «Adeus, Lenine», realizada por Wolfgang Becker em 2003, e que retrata a Alemanha de Leste em 1990, destaca a entrada da bebida americana no quotidiano dos países da antiga URSS.

Mas, há outras «guerras» com a Coca-Cola. A receita da Coca-Cola tem sido um mistério ao longo de mais de um século, até que no ano passado, um programa de rádio divulgou um jornal antigo de Atlanta, nos Estados Unidos, que aparentemente revelava a receita do refrigerante .

A receita original incluía três copos de extrato de fluido de coca, mas a empresa terá retirado o ingrediente no final da década de 20. No entanto, o amigo de Hugo Chávez e presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou a Coca-Cola, numa entrevista à BBC em 2005, de comprar folha de coca. «Mas quem compra a coca da Bolívia e do Peru? Há quatro anos continuavam a comprar a folha. Se já retiraram esse ingrediente da Coca-Cola, então para que é que continuam a comprar? (...) deve ser para outros fins. Imagina-se, então, como o governo dos Estados Unidos compra a coca, mas para outros fins».

A Coca-Cola só não tem visto de entrada em Cuba e na Coreia do Norte. No ano passado, 60 anos depois, voltou a ser comercializada em Myanmar, antiga Birmânia.

Para Tom Standage, «a Coca-Cola é a coisa mais parecida com o capitalismo, numa garrafa».

A bebida só entrou em Portugal quase um século depois de ter sido criada. Só em 1977 é que começou a ser comercializada no país. «Salazar não permitiu a entrada da bebida no país, depois da hipótese ter estado em cima da mesa no final da década de 20, «embora houvesse nas colónias», como conta do diretor Tiago Santos Lima, e foi preciso mais meio século e o 25 de Abril para que a Coca-Cola passasse a ser consumida pelos portugueses.

O refrigerante americano foi comercializado pela primeira vez em Portugal a 4 de Julho de 1977, na Baixa de Lisboa, curiosamente, dia da independência dos Estados Unidos, mas foi «pura coincidência».

Atualmente, cada português bebe em média 24 litros de Coca-Cola por ano. Em 2012, produziram-se só em Portugal 198 milhões de litros de refrigerantes do universo Coca-Cola. Ainda assim, com uma quebra de 10% face ao ano anterior, a que não é indiferente a situação de crise que o país vive, como explica Tiago Santos Lima. A fábrica inaugurada em Azeitão em 1978 dá emprego a 400 trabalhadores, entre diretos e colaboradores.

O gigante dos refrigerantes conseguiu atingir a fasquia dos 100 mil milhões de dólares de lucro em 2010 (qualquer coisa como 76 mil milhões de euros) e quer dobrar a aposta para 2020, ou seja, chegar aos 200 mil milhões de dólares de lucro (cerca de 153 mil milhões de euros), segundo o diretor internacional da empresa que, numa conferência, em 2010, disse que a marca «tem espaço significativo para crescimento», expectante de alcançar 800 milhões de novos clientes esta década, segundo cita a Reuters.

Mas, por agora, a crise na Europa parece estar a arrefecer ligeiramente essa sede de vitória. Os resultados do quarto trimestre de 2012 não foram de encontro às expectativas. A receita até subiu 4% para 11,5 mil milhões de dólares (o equivalente a 8,7 mil milhões de euros). O volume de vendas subiu 3% a nível mundial, mas teve uma quebra de 5% na Europa
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