Troika em crise devido a tensões entre Europa e FMI - TVI

Troika em crise devido a tensões entre Europa e FMI

Manifestação contra a troika (Lusa/Miguel A. Lopes)

Equipa constituída pela Comissão Europeia, pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Central Europeu tem os dias contados, escreve o El País

As tensões que têm vindo a público entre Bruxelas e o FMI, devido aos problemas nos resgates a vários países, podem ditar o fim da troika, noticia este domingo o diário espanhol El País.

Na manchete do jornal lê-se «A troika entra em crise devido às tensões entre Bruxelas e o FMI», com o jornal a citar várias fontes comunitárias para quem a equipa constituída por Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) tem os dias contados.

Segundo «fontes próximas do FMI», a Europa «continua em Estado de negação com a Grécia», que necessita de uma nova reestruturação da dívida, e também «com Portugal e Irlanda», que vão precisar de outro tipo de apoios e «algo mais no caso português». Quanto ao Chipre, diz a mesma fonte, está no «caminho do desastre».

«Morte à troika» resume de forma mais dura um alto funcionário de Bruxelas, que diz que este vai ser o resultado dos erros cometidos nos resgates aos países da periferia europeia, sobretudo na Grécia e no Chipre e, em menor medida, em Portugal e na Irlanda.

Por estes motivos, diz o El País, o casamento entre Bruxelas e o FMI está à beira do divórcio, talvez porque começou mal.

Em 2010, explica o jornal, com a Grécia em graves problemas, a Comissão Europeia apresentou aos Estados-membros o esboço de um Fundo Monetário Europeu para gerir resgates, mas a Alemanha negou de imediato. Berlim não confiava na CE devido à sua inexperiência em resgates e receava os riscos de politização.

No entanto, lê-se no El País, a excelência técnica da troika acabaria por não surgir o que levou recentemente a acusações mútuas entre a CE e o FMI, com o BCE a estar semiausente da discussão

No início de junho, o FMI fez mea culpa, num relatório em que admitiu «erros notáveis» na abordagem do programa do primeiro resgate financeiro à Grécia (2010), o que foi visto como um ataque a Bruxelas.

O Fundo veio ainda dizer que é impossível lidar com uma miríade de primeiros-ministros, ministros das Finanças, comissários, funcionários do Eurogrupo e falcões do BCE e que o programa de ajustamento feito em Atenas se baseou em pressupostos irrealistas.

Bruxelas não gostou da deslealdade e, a 7 de junho, o comissário europeu para os Assuntos Económicos acusou o FMI de «lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus».

Apesar destas palavras duras, em público, Olli Rehn continua a afirmar que os programas seguem no bom caminho, mas já em privado, escreve o El País, fontes comunitárias assumem que o resgate à Grécia «não funciona» e preveem uma nova reestruturação da dívida como pede a instituição liderada pela francesa Christine Lagarde. E dizem que também os resgates de Portugal e da Irlanda deixam muitas dúvidas.
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