Jerónimo diz que nunca se desistiu de fazer na rua o Dia do Trabalhador. Momento é de "afirmação e não comemoração" - TVI

Jerónimo diz que nunca se desistiu de fazer na rua o Dia do Trabalhador. Momento é de "afirmação e não comemoração"

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  • 1 mai 2020, 16:24
Jerónimo de Sousa

Jerónimo de Sousa falou no início da concentração promovida pela GCTP em Lisboa e diz que o momento é de afirmação e não de comemoração

O secretário-geral do PCP afirmou hoje que nunca se desistiu de assinalar na rua o 1.º de Maio, lembrando a jornada do Rossio de há 50 anos com perseguição por parte da polícia política do anterior regime.

Nunca se desistiu de fazer o 1.º de Maio, independentemente das circunstâncias. Hoje estamos numa situação diferente, mas aqui estamos com esse sentimento de confiança e de esperança de que é possível sairmos desta situação dramática do país", afirmou Jerónimo de Sousa no início da concentração promovida pela da CGTP-IN, na Alameda, em Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do PCP referiu que participa no 1.º de Maio "há 50 anos", lembrando depois a ação que se realizou no Rossio, no centro de Lisboa, "com a perseguição e a prisão" por parte da polícia política do anterior regime.

Segundo o secretário-geral do PCP, esta concentração promovida pela CGTP-IN deve ser compreendida como uma ação de "afirmação, de esperança e luta, tendo em conta a situação em que o país se encontra" perante a pandemia de covid-19 e ainda em estado de emergência.

Não esquecemos que neste momento existem milhares de trabalhadores com vínculo precário que perderam os seus empregos, trabalhadores que viram cortados os seus salários e reduzida a proteção social", apontou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP falou ainda dos trabalhadores que "viram limitados os seus direitos individuais e coletivos" neste período de estado de emergência, que cessa no sábado, dando lugar ao estado de calamidade pública.

Este é um momento de afirmação e não de comemoração. É um momento de afirmação de que os trabalhadores, com este seu dia mundial em circunstâncias diferentes e muito difíceis, aqui estão a dizer que a vida continua e que é preciso repor os direitos retirados", salientou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP afirmou depois que a prioridade passará pela luta "pela reposição de salários, direitos e postos de trabalho".

"É preciso ter em conta pequenos e médios empresários, agricultores e pescadores. É preciso valorizarmos o trabalho e os trabalhadores para que Portugal seja um país de progresso e de desenvolvimento", completou.

Questionado sobre a ideia de que este 1.º de Maio deveria apenas ser assinalado ‘online’ e não presencialmente pela CGTP-IN, tendo em conta os riscos de contágio com o novo coronavírus, Jerónimo de Sousa respondeu: "Cada um é como cada qual".

"Há partidos que fizeram a sua opção e, naturalmente, registamos. Mas, mais do que a crítica corrosiva, é a razão que nos faz estar aqui, valorizando o 1.º de Maio. Este é um magnífico 1.º de Maio [da CGTP-IN] organizado em condições muito especiais", considerou.

Jerónimo de Sousa fez depois questão de salientar que, nesta concentração, "cumpriram-se todas as diretivas das autoridades de saúde".

"E simultaneamente não se perdeu este sentimento de luta e de esperança", acrescentou.

PEV considera que faz sentido assinalar na rua o Dia do Trabalhador

O PEV defendeu hoje que este ano faz "mais sentido do que nunca" comemorar na rua o 1.º de Maio e considerou que a concentração da CGTP-IN em Lisboa cumpriu as normas de saúde face à Covid-19.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo deputado do PEV José Luís Ferreira, durante a concentração promovida pela CGTP-IN para assinalar o Dia do Trabalhador, que decorreu na Alameda, em Lisboa.

Consideramos que é possível fazer as comemorações do 1.º de Maio na rua, com a responsabilidade que é própria da CGTP-IN, que consegue fazer esta iniciativa com respeito integral das regras sanitárias e as orientações das autoridades de saúde. É na rua que o 1.º de Maio deve ser celebrado, até porque os problemas dos trabalhadores não são virtuais", declarou José Luís Ferreira.

O deputado de "Os Verdes" apontou depois que os problemas estão a acentuar-se para os trabalhadores neste quadro de crise sanitária do país e, como tal, "mais se justifica a rua".

Estamos ainda num período de estado de emergência em que parcialmente os direitos dos trabalhadores estão suspensos. Estamos também a assistir a uma ofensiva por parte das grandes empresas de fazer tábua rasa dos direitos de quem trabalha", acusou.

Questionado sobre a evolução do país para a situação de calamidade a partir de domingo, com o fim do estado de emergência, José Luís Ferreira demarcou-se dessa decisão tomada pelo Governo.

Para o PEV, era fundamental que não houvesse prolongamento do estado de emergência. Consideramos que nesta fase também não havia necessidade de declarar o estado de calamidade. Mas essa é uma responsabilidade exclusiva do Governo. O PEV, no parlamento, não deixará de fiscalizar o Governo para saber que uso, dimensão e alcance pretende fazer com essa medida excecional", respondeu.

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