Portugal foi ao mercado buscar 1.250 milhões e juro caiu - TVI

Portugal foi ao mercado buscar 1.250 milhões e juro caiu

Cristina Casalinho 

Leilões a 5 e 10 anos pagaram uma taxa mais baixa que na última emissão comparável. Analistas aplaudem e dizem que, desfecho das eleições em França traz alguma acalmia ao mercado

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP foi ao mercado com dois leilões das linhas de Obrigações do Tesouro, com maturidades em outubro de 2022 (OT 2,2% 17out2022) e em abril de 2027 (OT 4,125% 14abr2027) e com um montante indicativo global entre 1.000 milhões e 1.250 milhões. E conseguiu colocar o montante máximo: 1.250 euros.

Na emissão a 5 anos foram colocados 618 milhões em obrigações. A procura superou a oferta em 2,03 vezes e a taxa paga caiu para 1,828% contra a anterior nos 2,174%.

Já na emissão a 10 anos, foram colocados 632 milhões de obrigações, com a procura a superar a oferta em 1,92 vezes. A taxa, por sua vez, desceu para 3,386% face à de 3,95% na última emissão comparável.

“Os resultados foram ligeiramente melhores do que esperávamos, com a taxa de juro da dívida a 10 anos a fazer o valor mais baixo desde final de 2016", disse Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa.

"Mas na emissão a 5 anos a descida foi mesmo muito acentuada. O certo é que tanto a taxa dos 5 como dos 10 anos refletem a descida do custo da dívida portuguesa a que temos assistido nas últimas semanas. Após o resultado das eleições francesas, há uma sensação maior de segurança quanto à solidez da União Europeia. E creio que foi essa redução do risco político, que antes penalizava mais os países da periferia da Europa, que agora acaba por ajudar", acrescentou.

Uma posição partilhada por Marisa Cabrita, gestora de activos da Orey iTrade: “O Tesouro português colocou o montante máximo previsto no leilão de hoje, observando-se uma queda das yields exigidas pelos investidores. Na maturidade para 2022, a procura foi bastante robusta, com um rácio bid-to-cover acima dos 2 e uma yield exigida inferior à registada em abril. Já na maturidade a 10 anos, a yield exigida registou igualmente uma queda face à yield exigida na emissão, ainda que sindicada em janeiro. Portugal acaba assim por beneficiar da correcção observada nas yields fruto de uma estabilização da percepção sobre do risco politico e económico na Zona Euro”.

A seguir ao Brexit, "seria fatal um resultado eleitoral que alimentasse a ideia de mais um país a abandonar a Zona Euro ou a UE. De certa forma, regressou alguma confiança ao mercado de dívida portuguesa, que face à falta de alternativas de rendimento, consegue atrair interessados”, concluiu o analista.

A 21 de abril, a canadiana DBRS manteve a notação de Portugal em grau de investimento BBB (low) com perspetiva estável, alertando que o país ainda enfrenta significativos desafios como o elevado endividamento público e das empresas, e o baixo potencial de crescimento.

Esta agência de 'rating' continua a ser a única das quatro maiores que coloca Portugal em 'investment grade', permitindo o acesso do país ao programa de compra da sua dívida pelo Banco Central Europeu (BCE).

Para tal, Portugal precisa de receber grau de investimento de pelo menos uma das quatro principais agências de rating. Moody's, Fitch e Standard&Poor's atribuem grau 'lixo', ou especulativo, à dívida de longo prazo de Portugal.

Agência Longo prazo notação Outlook
DBRS BBB (low) Estável
Fitch Ratings BB+ Estável
Moody’s Ba1 Estável
Standard & Poor’s BB+ Estável
Continue a ler esta notícia

Mais Vistos

EM DESTAQUE