“Aldrabados”: lesados do Banif sentem-se mal defendidos pelo Estado - TVI

“Aldrabados”: lesados do Banif sentem-se mal defendidos pelo Estado

  • 29 nov 2017, 19:42
Manifestação dos lesados do Banif nos Açores

Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif, na Assembleia Legislativa da Madeira, concluiu as audições das entidades envolvidas no processo. Banco de Portugal não reconhece legitimidade ao parlamento madeirense para investigar

O presidente da Associação dos Lesados do Banif (ALBOA), Jacinto Silva, reafirmou hoje, no Funchal, que os ex-clientes do banco foram "aldrabados" e, por outro lado, o Estado não os defendeu como devia.

"As pessoas foram aldrabadas e o Estado não defendeu os seus interesses devidamente", afirmou o responsável perante a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Banif, na Assembleia Legislativa da Madeira, vincando que houve "falsificação de documentos" quando os clientes subscreveram alguns produtos do banco.

A comissão inquérito, presidida pelo social-democrata Carlos Rodrigues, concluiu hoje as audições a entidades envolvidas no processo, sendo de salientar que o Santander Totta, instituição que adquiriu o Banif, e o Banco de Portugal, responsável pela resolução que culminou na sua venda, recusaram comparecer perante os deputados.

O Banco de Portugal alegou, mesmo, que não reconhecia legitimidade na comissão de inquérito constituída no parlamento madeirense para investigar o caso dos lesados do Banif.

Carlos Rodrigues esclareceu, no final desta audição, que a comissão vai produzir apenas um "relatório político e de pressão política".

O Banif foi adquirido pelo Santander Totta em dezembro de 2015, por 150 milhões de euros, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.

Anteontem, a ALBOA alertou que o prazo para mover processos judiciais contra os responsáveis da resolução termina a 19 de dezembro. Depois disso, "perdem direitos".

A ALBOA representa 1.300 dos 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco ao Santander.

Além destes, há ainda a considerar 4.000 obrigacionistas Rentipar ('holding' através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira, muitos emigrantes e ex-emigrantes, sobretudo na Venezuela e África do Sul.

Jacinto Silva vincou que a ALBOA só aceita sentar-se à mesa das negociações com o Estado e o Santander Totta para discutir uma solução para os lesados com base na possibilidade de reaver pelo menos 75% dos montantes perdidos, embora admita a criação de escalões consoante o grau de prejuízo dos ex-clientes do Banif.

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