BES: Lesados acreditam que memorando é "o princípio de um bom fim" - TVI

BES: Lesados acreditam que memorando é "o princípio de um bom fim"

BES: lesados manifestam-se em Vilar Formoso

Memorando de entendimento entre os lesados, o Governo, o Banco de Portugal, a CMVM e o BES foi assinado e renova a espera aos clientes prejudicados

O presidente da associação dos lesados do BES manifestou, esta quarta-feira, a esperança de que o memorando de entendimento com vista à resolução do problema seja "o princípio de um bom fim" e traduza uma "solução justa e equilibrada".

Ricardo Ângelo, presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do Grupo Espírito Santo, falava após a assinatura de um memorando de entendimento entre Banco de Portugal, Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, o 'banco mau' e a associação que representa os clientes que se consideram lesados.

Com a assinatura do documento deu-se mais um passo na eventual resolução da questão dos clientes de retalho que compraram, aos balcões do BES, papel comercial das empresas do Espírito Santo International e Rio forte e cujo investimento foi dado quase como completamente perdido aquando da implosão do Grupo Espírito Santo (GES).

A assinatura do documento aconteceu numa cerimónia na residência oficial do primeiro-ministro, tendo no final discursado apenas o chefe do Governo, António Costa, e o presidente da Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial do GES, tendo este último dito que acredita que está cada vez mais próximo o fim de uma situação que considerou dramática.

Acredito que [este memorando] seja o princípio de um bom fim. É chegada a hora de pôr fim a este drama que levou a suicídios, divórcios, mortes precoces, falências de empresas", afirmou Ricardo Ângelo.

O representante dos clientes agradeceu a todas as entidades envolvidas neste processo, em especial ao primeiro-ministro, e disse que a Associação que dirige irá sempre "contribuir sempre de forma positiva para a solução", tendo feito um 'mea culpa' da má relação que estes clientes tiveram com o Banco de Portugal no passado.

Agora que temos este memorando assinado, onde estão todas as premissas, bases, 'timings', princípios e expectativas criadas perante as pessoas, que se cumpra a materialização deste processo com a chegada de uma solução que seja justa, equitativa e equilibrada", acrescentou Ricardo Ângelo.

Já o chefe de Governo, António Costa, afirmou que o papel que o executivo desempenha neste processo é "não fechar os olhos ao conflito" e participar como "promotor e facilitador para encontrar uma solução que permita minorar as perdas que os lesados não qualificados do papel comercial do BES sofreram".

Costa considerou ainda que está a ajudar a cumprir a "missão do Estado de contribuir para a confiança dos cidadãos nas instituições", em especial no sistema financeiro.

Apesar de terem estado presentes nesta cerimónia e de terem assinado o memorando, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, o presidente da CMVM, Carlos Tavares, e o líder do BES, Máximo dos Santos, não fizeram qualquer intervenção.

O memorando assinado consta de três páginas e visa comprometer as entidades com a busca de uma solução, iniciando-se agora um "diálogo expedito entre as partes" em que "serão exploradas todas as possibilidades para minorar as perdas económicas e financeiras sofridas pelos vulgarmente denominados lesados do BES".

O objetivo é que essa solução matéria - o valor com que os clientes serão compensados por terem comprado papel comercial de empresas entretanto falidas - seja conseguida até ao início de maio.

Em causa estão 2.084 subscritores de papel comercial que reclamam 432 milhões de euros. A associação que representa os lesados já admitiu por várias vezes que é provável que haja perdas para os clientes, que cada um poderá não conseguir recuperar tudo o que investiu, mas que irá lutar pelo "máximo possível".

A resolução da questão dos lesados do BES tem sido assumida como uma das prioridades de curto prazo do executivo socialista, que alega a urgência de se repor a confiança no sistema financeiro português.

Há alguns meses, António Costa lamentou mesmo publicamente o impasse em torno da resolução deste problema, criticando mesmo a atuação do Banco de Portugal.

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