Há mais de quatro anos que os lesados do BES vão sendo notícia, muitos ainda sem ter o problema resolvido. Esta sexta-feira, dezena e meia de ex-clientes do antigo Banco Espírito Santo manifestou-se frente ao Palácio da Justiça, no Porto, acusando os tribunais portugueses de não lhes darem razão porque “só fazem o que o Banco de Portugal manda”.
Um dos porta-vozes do grupo de lesados do papel comercial e lesados emigrantes, António Silva, disse à Lusa que “muitos gastaram cinco, seis, sete mil euros em custas [judiciais] e perderam os processos porque os tribunais portugueses só fazem o que o Banco de Portugal [BdP] manda e dizem que [a resolução do BES] foi uma decisão para bem do sistema financeiro”.
Lamentamos que a justiça portuguesa saiba que fomos roubados, e que foram constituídas provisões para pagar aos clientes de retalho, que depois foram desviadas para pagar aos institucionais, e nada faça".
Concentrados em frente ao Palácio da Justiça entre as 11:00 e as 16:30, os lesados voltaram a protestar “contra a corrupção e a falta de justiça, de responsabilidade, de ética e de moral pela não devolução das poupanças aos clientes de retalho, como fora assumido pelo Novo Banco”.
“Continuamos a denunciar o roubo descarado das nossas poupanças, dentro de um banco centenário e que eram fruto de uma vida de trabalho. A corrupção levou também ao roubo das provisões que, na vigência do contrato, diziam ser a garantia de devolução das poupanças".
A burla (...) há mais de quatro anos tem causado muitos danos irreversíveis a muitas famílias. Já morreram mais de 100 lesados".
Nunca chegaram a receber os valores reclamados.
Este grupo aponta ainda o dedo ao Governo, dizendo que o ouve "falar em lutar contra a corrupção" e que estas pessoas são "grandes vítimas da corrupção, a quem o PS antes de estar no Governo prometeu justiça, mas que até hoje não cumpriu”.
Estes lesados sustentam ter “o direito a exigir do Novo Banco o mesmo tratamento que tiveram os grandes os clientes institucionais”, que dizem ter recebido “o dinheiro da provisão” que lhes estava destinado.
O grupo em causa colocou-se à margem das negociações levadas a cabo pela Associação dos Enganados e Indignados do Papel Comercial (AIEPC) para devolução aos lesados de parte do valor investido, exigindo a devolução da totalidade do dinheiro que perderam em aplicações que lhes garantiram ser “garantidas”.