Carlos Costa valida Centeno no Banco de Portugal: tem “todas as condições para ser um grande governador” - TVI

Carlos Costa valida Centeno no Banco de Portugal: tem “todas as condições para ser um grande governador”

  • ALM
  • 16 mai 2020, 08:17
Carlos Costa

Com Carlos Costa de saída, Centeno decide se os lugares vazios na administração do BdP devem ser preenchidos

Carlos Costa diz que o Banco de Portugal está mais forte e que Centeno pode fazer um bom mandato, mas alerta que a independência é “uma questão de atitude”. De resto, valida a transferência feita para o Novo Banco - e faz um elogio inédito a um membro do Governo: Siza Vieira, disse em entrevista ao Expresso.

“Acho que tem todas as condições para ser um grande governador do Banco de Portugal.” Numa entrevista de fecho de mandato à frente do banco central português, que é publicada na íntegra na edição deste sábado do Expresso, Carlos Costa dá fôlego à hipótese — que o próprio Centeno não exclui — de o atual ministro das Finanças o substituir naquele cargo já em julho. De resto, acrescenta o atual governador, Centeno terá meio caminho andado para o sucesso: “Vai receber uma máquina que está rejuvenescida, com muito maiores competências, com uma estruturação muito forte, com um sentido de missão e um foco muito claro.”

O apoio tem significado redobrado quando é sabido que os dois têm uma relação tensa. Nesta longa conversa com o jornal — que durou mais de 2h30 —, Carlos Costa admite que mantém conversas apenas por escrito com as Finanças: “Temos trocado notas como é necessário, eu quando escrevo sou muito mais preciso e exato do que aquilo que possa dizer.” Frisando que “a relação institucional e pessoal foi aquela que se impunha a propósito de cada tópico.”

Veja também: Crise com Mário Centeno? Costa diz que "está tudo ultrapassado"

Na semana passada, na Assembleia da República, durante o debate quinzenal, António Costa disse à coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que não haveria transferências para o fundo de resolução, tendo em vista a recapitalização do Novo Banco, até que a auditoria àquela instituição bancária estivesse concluída.

No dia seguinte, sexta-feira, no Porto, António Costa afirmou aos jornalistas que o Ministério das Finanças não o informara de que essa transferência tinha sido efetuada na véspera, o que o levou a pedir desculpas à coordenadora do Bloco de Esquerda pela informação errada que lhe tinha transmitido.

Perante este caso, em entrevista à TSF na terça-feira, o ministro de Estado e das Finanças assumiu que houve uma falha de comunicação no Governo.

Já na quarta-feira de manhã, Mário Centeno declarou que a transferência de 850 milhões de euros para o Fundo de Resolução destinado à recapitalização do Novo Banco não foi feita à revelia do primeiro-ministro.

"Não, não foi à revelia, não há nenhuma decisão do Governo que não passe por uma decisão conjunta do Conselho de Ministros", disse o ministro de Estado e das Finanças, numa audição regimental da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) do parlamento.

Também na quarta-feira de manhã, no final de uma visita à Autoeuropa, em Palmela, o Presidente da República considerou que o primeiro-ministro "esteve muito bem" ao remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período 2000-2018.

"Havendo, e bem, uma auditoria cobrindo o período até 2018 - a auditoria que eu tinha pedido há um ano - faz todo o sentido o que disse o senhor primeiro-ministro no parlamento. É que é politicamente diferente o Estado assumir responsabilidades dias antes de se conhecer as conclusões de uma auditoria, ou a auditoria ser concluída dias antes de o Estado assumir responsabilidades", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

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