"Esclarecimentos do governador são muito importantes", diz Centeno - TVI

"Esclarecimentos do governador são muito importantes", diz Centeno

Ministro das Finanças recebeu o homólogo francês, com o Brexit em cima da mesa. Mas Mário Centeno não escapou às perguntas dos jornalistas sobre temas polémicos que têm marcado o dia-a-dia nacional, como a atuação do governador de Carlos Costa no caso BES

O governador do Banco de Portugal já mostrou querer ir o Parlamento volta a esclarecer os deputados sobre o papel do Banco de Portugal nos meses que antecederam o colapso do BES e o ministro das Finanças vê essa disponibilidade com bons olhos.

O quadro [institucional] é particularmente claro. Os esclarecimentos devem ser prestados nos lugares devidos, o senhor governador já se prontificou a prestar esses esclarecimentos. Acho que são muito importantes para o funcionamento dessas mesmas instituições" .

O governador Carlos Costa entende que há "acusações distorcidas" sobre o Banco de Portugal, levantadas numa reportagem de SIC sobre a alegada falta de importância atribuída pelo supervisor a um alerta de técnicos do próprio Banco de Portugal a recomendar a reavaliação da idoneidade de Ricardo Salgado. Um alerta que ocorreu ainda meses antes de o homem forte do BES ser afastado da liderança.

Mário Centeno acrescentou apenas que o Governo português tem referido "é precisamente a sua confiança no funcionamento das instituições, em que cada uma delas desempenhe o seu papel". 

E está bastante tranquilo sobre a capacidade que a democracia portuguesa tem para lidar com essas situações".

Quem diz o Governo, diz o primeiro-ministro, que há dias, aos jornalistas, alegou o estatuto "inamovível" do governador. Porém, há uma tensão entre António Costa e Carlos Costa que não é nova. Quando ainda era oposição, o atual primeiro-ministro mostrou desagrado pela recondução de Carlos Costa à frente do banco central, e mesmo desde que assumiu o poder, por várias vezes, teceu críticas ao governador.

Hoje, Mário Centeno se quis alongar muito mais sobre a postura do governador, em resposta aos jornalistas, já que estava numa conferência de imprensa onde teve, a seu lado, o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, que recebeu em Lisboa.

A propósito do diferendo sobre os membros do conselho diretivo do Banco de Portugal que Centeno tem com Carlos Costa, o ministro voltou a socorrer-se das armas politicamente corretas: "Há um quadro regulamentar nessa matéria. Vai seguramente ser desbloqueado". 

Venda do Novo Banco iminente

Questionado, também, sobre o Novo Banco, Centeno disse esperar que o processo de venda esteja concluído próximas semanas. 

O  jornal Público titula hoje que a venda ao fundo norte-americano Lone Star “já só espera pela decisão do BCE", sendo o dia 17 de março o “prazo desejado para fechar a operação”. Confrontado com isto, o ministro disse apenas que “a expectativa é que o processo decorra nas próximas semanas”.

O ministro frisou que o processo de venda está numa “fase crucial” e lembrou que o Banco de Portugal está a negociar em exclusividade com aquele fundo. “Isso significa que há negociações a decorrer cujo sucesso depende da conclusão do processo”. A sua condução “é de extrema relevância” para o país e para o setor financeiro.

"Não acreditamos numa Europa a duas velocidades"

Já quanto à sua agenda política como o ministro francês Michel Sapin, o Brexit foi tema natural de conversa entre Mário Centeno e o seu colega. Ambos não acreditam e não querem uma Europa "a duas velocidades".

Portugal quer regras orçamentais aplicadas de forma inteligente e igualitária, com o ministro a dizer que "o compromisso português vai muito para lá do domínio financeiro". Portugal quer que se complete a União Económica e Monetária.

Não acreditamos a uma europa a duas velocidades (...) em Portugal queremos que as regras sejam aplicadas de forma intelegigente e de igual forma para todos. Portugal cumpre a sua parte (na frente orçamental) graças ao esforço dos portugueses. Portugal está em condições de sair procedimento de défices excessivos em 2016".

Michel Sapin salientou que a melhor resposta à saída do Reino Unido da União Europeia e às incertezas em relação aos EUA é a Europa manter "uma posição firme".

E entende que os países que pretendem ter um andamento mais depressa, devem fazê-lo. "Não se trata de uma Europa a duas velocidades. Não se trata de excluir os países que queiram fazer parte desta dianteira europeia. Portugal fará parte destes países", garantiu.

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