BCE vê "incerteza por todo o lado" mas confia em Itália - TVI

BCE vê "incerteza por todo o lado" mas confia em Itália

Mario Draghi

Depois de ter decidido prolongar o programa de compra de dívida até dezembro de 2017, mas a um ritmo inferior a partir de abril, Mario Draghi explica que mesmo assim o banco central mostra a sua "presença no mercado"

O Banco Central Europeu assume que "há incerteza por todo o lado" na zona euro, mas sobre o caso recente mais complicado, de Itália, mostra-se confiante. O líder do BCE, Mario Draghi, garantiu que a decisão de prolongar o programa de compra de dívida até dezembro de 2017, embora a partir de abril a menor ritmo, teve "grande consenso" entre os governadores. Foi esse o ponto de partida para, ao responder aos jornalistas, justificar o porquê destas escolhas.

A incerteza permanece, a incerteza permanece em todo o lado. A incerteza permanecer em todo lado é a razão para se (...) aumentar o programa em termos de tamanho e duração".

As compras de dívida que o BCE faz aos países da zona euro, das quais muito tem beneficiado Portugal para se conseguir financiar a taxas de juro mais aceitáveis no mercado, continuarão a ser de 80 mil milhões de euros até março, mas a partir do mês seguinte passarão para 60 mil milhões mensais, até dezembro.

Os mercados respiraram de alívio pela extensão do prazo, mas há quem questione o benefício económico que possa ter a redução do montante a investir. E isso está, de resto, a verificar-se na primeira reação dos juros da dívida, que estão a agravar-se em Portugal, Itália, Espanha e Alemanha, por exemplo.

Mario Draghi explicou que o supervisor europeu tem sido "pragmático" e quis descansar os investidores com a mensagem de que não foi discutido nesta reunião a hipótese de fechar a torneira. A ideia é "manter o extraordinário grau de acomodação que implementámos, absorver preços no mercado, transmitir o sentido de presença do BCE no mercado há muito tempo". 

"Sustentar a presença é a mensagem de hoje", garantiu, para dizer que em causa está uma "opção" de continuidade e não uma "necessidade". Reduzir o montante a investir em dívida explica-se também pelo facto de o risco de deflação, ao contrário do início deste ano, ter desaparecido "largamente". 

E Itália, que viveu esta semana uma crise política com a demissão do primeiro-ministro, depois da derrota no referendo constitucional, não preocupa? Draghi foi parco em palavras na resposta que deu à primeira pergunta que lhe fizeram sobre o assunto na conferência de imprensa. Uma pergunta mais direcionada para a vulnerabilidade da banca italiana, naturalmente. 

Estou confiante que o Governo sabe o que está a fazer e vai fazê-lo bem"

O Governo italiano veio negar que esteja a pensar pedir uma ajuda de 15.000 milhões de euros ao Mecanismo Europeu de Estabilidade para resgatar bancos. O Monte di Paschi está em processo de recapitalização e a banca italiana tem problema há muito. Mas as autoridades do país garantem que conseguirão resolver o problema sem ajuda externa.

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