Altice: há “problemas mais relevantes” do que a fidelização - TVI

Altice: há “problemas mais relevantes” do que a fidelização

  • ALM com Lusa
  • 13 abr 2018, 13:31
Alexandre Fonseca

Dona da MEO rejeita a mudança à lei que está a ser avaliada no parlamento, posição também manifestada pela NOS

A Altice Portugal considerou hoje que “há problemas mais relevantes” no setor das telecomunicações do que o período de fidelização nos contratos, rejeitando a mudança à lei que está a ser avaliada no parlamento, posição também manifestada pela NOS.

Eu diria que há seguramente problemas muito mais relevantes para serem endereçados pelo regulador, pelo parlamento, pelo poder político, pelas próprias associações de consumidores do que o tema da fidelização”, disse à agência Lusa o responsável pelo departamento de vendas e de relação com o consumidor da Altice Portugal, João Epifânio.

O membro do comité executivo daquele grupo de telecomunicações, que falava no final de um encontro promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, em Lisboa, apontou que a Lei das Comunicações Eletrónicas “tem tido várias alterações nos últimos anos.”

“Parece que andamos sempre a tentar experimentar e julgo que a lei não deve ser um exercício de experimentação”, apontou.

Aludindo à última alteração a esta lei - feita em meados de 2016 e que passou a obrigar as operadoras de telecomunicações a dispor de contratos sem qualquer tipo de fidelização ou com seis e 12 meses de fidelização, além da opção dos 24 meses, possibilidade que não existia -, o responsável da Altice defendeu que “hoje existe uma base legal que defende, na sua plenitude, os interesses dos consumidores”, desde logo obrigando a informação sobre custos.

Estão formuladas todas as condições para que o cliente possa tomar uma decisão avisada”, reforçou.

Recusando um “empolamento sobre o tema”, João Epifânio apontou também dados da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que demonstram que a taxa de reclamação no caso das fidelizações é de 0,021%.

Na semana passada, o parlamento aprovou na generalidade (e consequente descida à especialidade) de projetos de lei do PAN, BE e PEV para encurtar até um ano o período máximo de fidelização dos contratos com as operadoras, quando o limite é de dois anos.

Um dos argumentos apresentados por estes partidos foi, desde logo, o de que os custos para os clientes que optem por contratos com menor tempo são mais elevados.

Os custos são os mesmos, a questão é que quando eu tenho um conjunto de investimentos que são feitos à cabeça e eu diluo esse valor por 24 meses isso dá um determinado valor mensal”, justificou João Epifânio, exemplificando que a situação “é como ir pedir um crédito ao banco e poder pagar em 20 anos ou ter de pagar em cinco anos.”

Para Luís Nascimento, administrador executivo da NOS, este também é um assunto “cíclico” e “recorrente”.

“Tem sido uma bandeira que volta e meia é levantada”, acrescentou, em declarações à Lusa.

Apesar de destacar que a taxa de mudança de operadoras é elevada no país, Luís Nascimento lembrou que este é um “processo caro e que implica um grande investimento”, pelo que deve caber ao cliente decidir o prazo e quanto quer pagar por mês.

“Acreditamos que [a mudança na lei] é uma falsa questão e tem-se visto que, podendo mudar, os clientes optam sempre por aquilo que dilui em mais tempo”, notou, adiantando que a situação é semelhante à de “comprar um carro”.

Os responsáveis falavam à Lusa no final de um pequeno-almoço de debate sobre o cliente da era digital nas telecomunicações.

Intervindo na sessão, o responsável pelo departamento de tecnologia da Vodafone, João Nascimento, disse ver “o movimento acelerado da digitalização como uma bela oportunidade” para as operadoras, possibilitando prestar “melhores serviços” aos clientes.

Continue a ler esta notícia