O Banco Central Europeu tem sido a tábua de salvação de alguns países que, ao verem os juros da dívida disparar, vão contando com as compras do BCE para conter o nervosismo dos mercados. O presidente da instituição assegura que o facto de o banco central adquirir Obrigações do Tesouro de vários países não interfere com a política monetária nem com o rigor orçamental.
Jean-Claude Trichet quis deixar claro, no Parlamento Europeu, que a independência do BCE não fica assim comprometida. A entidade adquiriu mais 6,65 mil milhões de euros de títulos de dívida europeia na semana passada.
Trichet fez ainda notar que para todas as garantias que o BCE aceita são impostas margens apropriadas.
Perante a Comissão para os Assuntos Económicos e Monetários, Trichet exortou ainda os países da Zona Euro a cumprirem os compromissos de consolidação orçamental.
Isto numa altura em que, admitiu, «continuamos a ver a economia da Zona Euro a crescer a um ritmo moderado», numa altura em que ressurgiram «tensões nos mercados financeiros». As bolsas afundaram em Agosto e o grau de incerteza «permanece particularmente elevado».
Depois, sobre a inflação, o presidente do BCE lembrou que o facto de ela se ter mantido elevada nos últimos meses decorre sobretudo da escalada verificada nas matérias-primas. É expectável que a inflação fique «ainda acima dos 2% durante os próximos meses», o que pode indicar uma nova subida das taxas de juro em breve. Ora o Nobel da Economia Joseph Stiglitz instou precisamente esta segunda-feira o BCE a tomar o rumo contrário, baixando as taxas de juro.
Os riscos da evolução dos preços, no médio prazo, estão a ser estudados pelos especialistas do banco central. As conclusões desta análise serão divulgadas no início de Setembro, adiantou ainda, citado pela Reuters.
Compras de dívida não interferem na acção do BCE
- Redação
- VC
- 29 ago 2011, 15:20
Trichet diz que política monetária e rigor orçamental não são postos em causa
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