DECO: «Há total ausência de concorrência» nas telecoms - TVI

DECO: «Há total ausência de concorrência» nas telecoms

Agência Financeira

Associação de defesa de consumidores alerta para o facto dos operadores particarem tarifários iguais ao mesmo tempo que «induzem os clientes em erro» sobre a utilização dos serviços

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As operadoras portuguesas de telecomunicações praticam produtos e preços iguais, numa total ausência de concorrência, revela um inquérito da DECO - Associação de Defesa do Consumidor, que comparou as práticas dos operadores de oito países europeus.

Segundo o estudo publicado na edição de Dezembro na revista Proteste (da DECO), Portugal é o único onde tal acontece, em comparação com a Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra e Itália.

«Na Itália, encontrámos tarifas mais baratas em serviços com maiores velocidades do que as praticadas cá. Para piorar, as operadoras nacionais seguem todas a mesma política de falta de transparência», conclui o estudo.

Além disso, acrescenta a DECO, as condições reais de utilização dos serviços «nem sempre são transmitidas de forma clara, induzindo em erro» os consumidores, pelo que «a falta de informação e transparência continua a ser o lema das operadoras nacionais».

Serviços fixos mais caros cá do que no estrangeiro

O estudo mostra ainda que os serviços fixos, com destaque para a fibra óptica, são os que mais satisfazem os portugueses, em detrimento das ligações móveis, apesar de serem usadas por um número maior de pessoas.

«As baixas velocidades destes acessos [móveis] a juntar aos preços elevados desagradam aos utilizadores que usam a ligação», justifica.

De acordo com a DECO, a prova está mais uma vez na comparação internacional, já que alguns países disponibilizam maiores velocidades por preços bem mais baixos que os das operadoras nacionais.

«Mais: Optimus, TMN e Vodafone propõem aos consumidores tarifários exactamente iguais. Sem concorrência, a escolha terá de recair na operadora com melhor cobertura nos locais onde acede com mais frequência à Net», alerta o documento.

Fibra convence portugueses

No caso do móvel, os inquiridos consideram que a navegação fica limitada a uma determinada área, regra geral à casa do cliente, e que a velocidade da ligação é geralmente inferior à disponível no cabo, ADSL e fibra e também menor face à contratada.

Já a fibra deixa os utilizadores bastante satisfeitos em todos os critérios, como a transparência das facturas, a estabilidade e a velocidade da ligação.

«O ADSL é criticado pela relação entre a qualidade e o preço, em parte porque a velocidade nem sempre corresponde ao que consta no contrato», adianta o estudo.

O inquérito também evidencia que cerca de 66 por cento dos consumidores têm um serviço triplo (ou «triple Play»), sendo a maioria dos contratos da Cabovisão, Zon Madeira, AR Telecom, Meo e Zon.

«Já no caso da TMN e da Vodafone móvel, mais de metade dos inquiridos indicou que o serviço só abrange a Net. O serviço fixo da Vodafone suscita maior satisfação entre os clientes».

Mas os que menos agradam são os serviços móveis, com destaque para a TMN, Optimus Kanguru e Vodafone móvel. O Sapo funciona por ADSL, mas também reúne uma satisfação baixa, acrescenta o estudo da DECO.

Em Portugal, os utilizadores de banda larga móvel superam os de Internet fixa, sendo que dos 5.177 associados que responderam ao inquérito, 88 por cento navegam em casa com uma ligação de banda larga. No fixo, 15 por cento já se renderam à fibra óptica.

O estudo remete ainda para dados da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), lembrando que a quantidade de portugueses com Internet fixa em casa aumenta todos os anos, abrangendo já no segundo trimestre de 2011 mais de 2,15 milhões de consumidores.
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