Investidores tradicionais estão de regresso à dívida portuguesa - TVI

Investidores tradicionais estão de regresso à dívida portuguesa

Bancos centrais, fundos de pensões e companhias de seguros voltam a apostar

A emissão de dívida a dez anos, realizada esta terça-feira por Portugal, ficou marcada pelo regresso dos investidores tradicionais à dívida pública nacional quando, nos últimos tempos, eram sobretudo os especuladores que investiam nas obrigações portuguesas, em busca dos elevados retornos.

A revelação foi feita pela secretária de Estado do Tesouro na conferência de imprensa onde foram divulgados os resultados da operação.

«Merece particular destaque o regresso de investidores tradicionais à dívida pública portuguesa, como bancos centrais, fundos de pensões e companhias de seguros», adiantou a governante.

O presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), João Moreira Rato, também presente na conferência de imprensa, precisou que os bancos centrais, que não estiveram presentes na emissão de dívida a cinco anos, estiveram presentes agora, representando já 5% da procura. Os fundos de pensões e companhias de seguro representaram 12%.

«Quando comparamos a distribuição desta emissão com a última, realizada em janeiro, verificamos uma maior presença deste tipo de investidores», explicou a governante. «É um regresso de investidores que não estavam presentes até agora e que começam a voltar ao mercado primário de dívida pública portuguesa».

Também o presidente do IGCP diz que se nota «um aumento da importância das companhias de seguros e dos fundos de pensões nesta emissão» e que «existem regiões geográficas que não participaram substancialmente em janeiro, que participaram agora, como a Escandinávia».

«Há um alargamento da base de investidores, para investidores que eram, mais tradicionalmente os investidores da dívida pública portuguesa», concluiu.

«Constituímos assim uma base de investidores sólida e equilibrada e abrimos perspetivas otimistas para novas colocações no futuro», acrescentou a secretária de Estado.

Objetivo é retomar presença assídua nos mercados

O objetivo do Governo é retomar as emissões regulares de dívida de médio e longo prazo.

«Com esta emissão completa-se a primeira fase do processo de regresso aos mercados. Criadas as condições para retomar a presença regular nas emissões de dívida de médio e longo prazo», explicou Maria Luís Albuquerque. Até porque, sublinhou, «quer o facto de Portugal estar a cumprir com sucesso as metas do programa de ajustamento, quer as recentes decisões do BCE, permitem esperar a consolidação da tendência de correção das taxas de juro da dívida pública».

«A intenção é voltar ao mercado de forma mais regular, de forma similar aos processos que se seguiam antes desta crise», explicou o presidente do IGCP. Nesse contexto, «pode ser que faça sentido voltar a processos de leilões», admitiu. Questionado diretamente sobre a possibilidade de emissão ainda este ano de dívida a dez anos sem ser através de um sindicato bancário, como aconteceu hoje, João Moreira Rato respondeu: «É possível que sim».

Classificando «este regresso ao mercado» como um «grande êxito», a secretária de Estado disse que o mesmo «constitui um momento essencial da conclusão do programa de ajustamento» acordado com a troika, «que terminará em junho de 2014» e «confirma que a estratégia seguida pelo Governo permitiu reconquistar credibilidade junto dos parceiros internacionais, o que nos dá confiança, ao mesmo tempo que consolida as perspetivas de recuperação da autonomia financeira da República no período pós programa».

«A emissão de hoje traz confiança à economia, abre caminho ao financiamento sustentável das empresas nacionais e afasta definitivamente o cenário de desconfiança em relação ao futuro imediato. Demos hoje um passo decisivo para assegurar uma transição tranquila no final do programa de ajustamento».

O IGCP vai continuar com a sua estratégia de road shows para promover a dívida nacional junto de investidores estrangeiros, e o foco será colocado «em mercados geográficos que não participaram tão ativamente nestes leilões».
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