Juros de dívida pública: máximos causados pela Alemanha - TVI

Juros de dívida pública: máximos causados pela Alemanha

Angela Merkel, chanceler alemã

Coligação do governo alemã apoia proposta para responsabilizar investidores por parte das perdas em caso de bancarrota de algum país do euro

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A coligação da chanceler alemã Angela Merkel apoiou esta segunda-feira a proposta que prevê que os investidores assumam parte do risco da dívida pública que detêm casos os países que emitem essa dívida entrem em incumprimento e precisem recorrer ao fundo de estabilização do euro e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

«Não podemos permitir que nos continuem a empurrar para mais acções destas e a resgates com o dinheiro dos contribuintes», afirmou o porta-voz parlamentar da União Democrática Cristã (CDU, na sigla do original), o partido de Merkel, para os assuntos financeiros, Leo Duatzenberg, num e-mail à Bloomberg. «Bancos e outros investidores devem ser obrigados a contribuir em caso de uma bancarrota soberana».

A atitude da coligação que suporta o actual governo alemão foi já responsável, durante esta segunda-feira, por uma nova escalada dos juros da dívida pública portuguesa. Os juros das obrigações a 10 anos atingiram um novo recorde nos 6,94%, aproximando-se perigosamente do limite de 7% apontado pelo ministro das Finanças como o ponto que poderá obrigar o país a pedir ajuda ao FMI.

Obrigações dos mais endividados podem vir a ter prazo mais alargado

Dautzenberg disse «apoiar completamente» os planos do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble de alargar a maturidade das obrigações do Tesouro para os países endividados que forem forçados a aplicar medidas de austeridade.

Esta não é a primeira vez que a Alemanha pede que os investidores sejam co-responsabilizados em caso de incumprimento de um país, para evitar que outros casos como o da Grécia, se sucedam.

A posição alemã, diz a Bloomberg, choca com a do presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, para quem este discurso se arrisca a exacerbar a situação dos países endividados da Zona Euro, como a Irlanda, a Grécia e Portugal, enquanto estes lutam por reduzir os seus défices orçamentais.

Presidente do Ecofin concorda com Trichet

«A França e a Alemanha estão a dizer precisamente o contrário do senhor Trichet», disse o primeiro-ministro luxemburguês, que lidera também o Ecofin, perante o Parlamento Europeu esta segunda-feira. «Gostaria que o ouvíssemos com cuidado», pediu, explicando que, caso contrário, a Zona Euro se arrisca a ficar isolada ao declarar «antecipadamente que o sector privado tem de ser implicado na resolução de qualquer situação de crise».

O ministro das Finanças alemão, que revelou a sua proposta numa entrevista à revista «Der Spiegel», está a prepará-la para a apresentar na reunião do Ecofin em Bruxelas, nos próximos dias 15 e 16 de Novembro, adiantou o porta-voz do governante à Bloomberg.
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