Presidente do BCP: "A minha convicção é que as moratórias privadas vão desaparecer" - TVI

Presidente do BCP: "A minha convicção é que as moratórias privadas vão desaparecer"

Em entrevista à TVI24, Miguel Maya destacou ainda a necessidade de existir uma moratória pública que não estigmatize as empresas

A semanas do fim das moratórias privadas, a alguns meses do fim das moratórias públicas, Miguel Maya, presidente do Banco Comercial Português, reiterou que as moratórias são um "escudo de proteção contra a bomba covid-19" e defendeu que as moratórias privadas vão deixar de existir.

 "O que temos para proteger a economia são dois escudos : um escudo são as moratórias, o outro são os apoios do estado", explica Maya, utilizando outra analogia: desistir das moratórias públicas é como "deixarmos de usar máscara enquanto a bomba química está ativa".

O presidente do BCP sublinha que o Estado só pode retirar os apoios à economia, quando esta ganhar normalidade - "estamos a destruir capacidade produtiva e a atrasar o processo de retoma", se cortarmos os apoios fora de tempo. Miguel Maya sustenta a sua opinião, explicando que o peso das moratórias no PIB (cerca de 20%) são explicadas pela necessidade de dar liquidez à economia, seja pelo Estado, ou "através de impedir que saia liquidez".

Porém, antes de "pensarmos em relançar a economia", devemos resolver primeiro o problema nucelar da pandemia, o vírus.

No entanto, Miguel Maya defende que todas as moratórias aplicadas têm de ter um enquadramento europeu. A antítese disto é "resolver um problema hoje e criar um problema enorme às empresas que ficam marcadas e estigmatizadas, importando o problema para o setor financeiro". Daí, defende o presidente, existe a necessidade da presidência portuguesa do COnselho Europeu sensibilizar as autoridades europeias para que não retirem os apoios em setembro.

Temos que preparar a economia para a pandemia dissipar final do primeiro semestre estou positivo", destaca Miguel Maya, alertando para o facto de Portugal ter uma percentagem de ajudas de estado de cerca de 11,2%, ao passo que a Alemanha e a França registam 40% e 25%, respetivamente.

Sobre as moratórias privadas, enquadradas na Associação Portuguesa de Bancos(APB), Miguel Maya diz que esta não é a melhor solução: "o ideal era termos uma moratória que fosse do Estado e cobrisse todas as situações". Isto porque a APB não cobre parte parte residual do crédito habitação e  toda a parte ao crédito ao consumo, exceptuando mais investimento na educação.

Ainda assim, salienta, as moratórias privadas só podem ser alteradas aquando de um novo enquadramento europeu. Razão que o leva a crer que as moratórias privadas vão desaparecer num próximo futuro.

"A minha convicção é que as moratórias privadas vão desaparecer, vão acabar", sublinha, descartando preocupações ao nível de gestão bancária.

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