​Lituânia no euro: à segunda foi de vez - TVI

​Lituânia no euro: à segunda foi de vez

Pouco mais de um mês depois da moeda única substituir as litas, a TVI falou com três portugueses emigrados na Lituânia. Consideram que o euro facilita a vida, mas como em Portugal, a transição não foi perfeita

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À segunda, foi de vez: foi há pouco mais de um mês que a Lituânia ingressou no clube da moeda única. O Eurobarómetro publicou este mês um inquérito de opinião feito aos lituanos sobre a mudança para o euro, realizado durante o mês de janeiro.

Mais de metade dos inquiridos considera que a transição para o euro foi feita de forma eficiente, mas apenas 22% dos inquiridos considera que é muito fácil fazer a conversão.

Aliás, em comparação com outros países de adesão recente à moeda única, como a Estónia, Eslováquia e Chipre, o grau de satisfação é bastante menor.




Até 01 de março é possível proceder gratuitamente à troca de notas e moedas de litas em 330 estações de correios e em algumas cooperativas de crédito lituanas à taxa de câmbio fixa e, em todos os bancos, até 30 de junho de 2015. Alguns bancos continuarão a trocar notas de litas até 31 de dezembro de 2015.

Segundo o banco central, de 1 de janeiro a 28 de fevereiro de 2015, outros bancos centrais nacionais da área do euro procederão gratuitamente à troca de notas de litas à taxa de câmbio fixa. O montante é limitado a 1.000 euros por participante/operação em determinada data.

O Banco da Lituânia quer ainda tornar o sistema de gestão monetária mais eficiente. A reforma da gestão da oferta monetária está já em discussão pública.

«Tendo examinado a experiência dos outros países europeus, é claro que será possível ter uma gestão monetária mais eficaz», revela o banco central na sua página de internet.

Aliás, a adesão ao euro é, o entender do governador do banco central, Vitas Vasiliausicas, natural. «Cerca de 70% da nossa dívida está em euros. Cerca de 60% das nossas exportações têm como destino a Eurozona. 80% do investimento externo vem da Europa», referiu à TVI.

Vasco Paulo e Lígia trabalham em Vilnius e assistem à chegada do euro pela segunda vez

A TVI falou com três portugueses que vivem e trabalham na capital país. Vasco Oliveira, Paulo Pereira e Lígia Nobrega. Para eles, o euro facilita a vida, mas admitem que, como em Portugal, a transição não foi perfeita.

Vasco Oliveira tem 33 anos e trabalha como investigador de fraude na Western Union na capital da Lituânia. Está no país há quatro anos. Cerca de cinco anos depois de ter feito um Erasmus, decidiu regressar.



Para ele, o euro não foi novidade, já que estava em Portugal quando se deu a mudança. Mas ao contrário do que aconteceu um pouco por todo o seu país, na Lituânia não nota que os preços tenham sido inflacionados com a chegada da nova moeda.

«Mas há algum receio em relação a uma eventual subida dos preços porque os salários são baixos, por isso as pessoas têm de ter uma vida regrada. Muitas têm, porque ainda têm bem presente o pós-comunismo. E, no inverno, as pessoas têm de ter algum dinheiro para pagar o aquecimento, por isso em pelo menos quatro ou cinco meses do ano tem de haver contenção».


«Ainda posso beber um café por 25 cêntimos», acrescenta Paulo Pereira.
 
O professor universitário de 35 anos, a lecionar em Vilnius há seis, considera que ainda há alguma desconfiança em relação à nova moeda.

«As pessoas têm muitas dúvidas com o euro, especialmente as idosas. Há dias queria trocar uma moeda de um euro de Portugal por um euro da Lituânia e a empregada recusou-se!»




Relativamente à chegada do euro, Vasco diz que há sentimentos mistos: uns estão contentes, «porque o euro significa uma maior aproximação à Europa». Outros não queriam, «por uma questão de identidade nacional».

Paulo acrescenta: «Há um medo escondido da Rússia, o governo quer estar o mais próximo possível do oeste, ainda que isso signifique alguma perda de autonomia».

Para Lígia Nóbrega, de 48 anos, a chegada do euro à Lituânia é claramente uma vantagem, tanto para os lituanos como para si, já que, como administradora do Instituto para a Igualdade de Género (faz parte da Comissão Europeia), recebe o salário em euros já há quatro anos.

«Os/as lituanos/as gostam muito de viajar pelo resto da UE, isso é à partida uma vantagem, não terem de fazer câmbios de dinheiro num sistema mais harmonizado. Em termos de atrair turistas também será uma vantagem».




Independentemente do sentimento, o euro chegou para ficar. E, segundo Vasco, informação não falta: «O euro já existe há muitos anos e as pessoas, de certa forma, já estavam habituada a ouvir falar dele. Aliás quando cá estive a estudar a Lituânia esteve quase a entrar no euro. Outra coisa que ajudou foi o facto de a taxa de câmbio da lita estar fixa com o euro desde 2005 [1 Euro= 3,45 Litas]».

A Lituânia tinha pedido para aderir ao euro a partir de 01 de janeiro de 2007, mas o pedido foi foi rejeitado pela Comissão Europeia, devido à elevada inflação que, nesse mesmo ano, atingiu os 5,8%.

Em 2014, a taxa de inflação no país foi de 0,7%, uma subida relativamente ao ano anterior, que foi de inflação nula. O salário mínimo na Lituânia é de 320 euros mensais.
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