Decisão da Moody's demonstra descredibilização da UE e FMI - TVI

Decisão da Moody's demonstra descredibilização da UE e FMI

Dinheiro

Presidente da APB diz que redução de quatro níveis no «rating» é incompreensível no momento em que país está a executar programa de consolidação orçamental

António de Sousa considerou esta quarta-feira que a descida em quatro níveis do «rating» de Portugal demonstra a «descredibilização» da UE e do FMI.

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) - que junta os principais bancos a actuar em Portugal - afirmou que uma redução «desta dimensão [quatro níveis] é incompreensível» no momento em que o país está a executar um programa de consolidação orçamental e de melhoria da competitividade da economia.

«Uma descida de quatro níveis devia basear-se em alterações de circunstância muito substanciais, que não só não existiram, como as que existiram foram precisamente ao contrário, no sentido de consolidar mais as finanças públicas portuguesas, explicitado em Portugal com um apoio político claro elogiado pelas entidades internacionais», considerou o responsável, citado pela Lusa.

De acordo com António Sousa, perante este cenário, a decisão da Moody's revela a «descredibilização das entidades» que compõem a «troika» que assinou com Portugal o memorando para o programa de ajustamento.

O que está em causa é obviamente Portugal, que é o afectado, mas a própria credibilidade da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI)», foi posta em causa, considerou.

Bancos vão ser afectados

Quanto às consequências para a banca desta revisão em baixa do «rating» da dívida de longo-prazo da República Portuguesa pela Moody's, no imediato terá implicações no financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE).

«Implica a entrega de mais colateral para obter o mesmo financiamento. Nessa medida afeta o montante que os bancos portugueses podem obter junto do BCE», disse António de Sousa considerando, no entanto, que não é «significativo» esse constrangimento.

«Os bancos tinham bastante mais colateral do que o que precisavam para obter financiamento. Mas obviamente diminui essa folga», considerou.

Com o corte de «rating» da dívida soberana de longo-prazo pela Moody's, usada pelos bancos nas operações de financiamento dos bancos junto do BCE, estes têm de prestar mais colaterais para o mesmo valor de empréstimo pedido ou compensar a diferença em dinheiro.

No sector bancário, a descida do «rating» da República deve implicar «provavelmente» a descida pela mesma agência de notação da avaliação dos bancos portugueses, considerou António Sousa, acrescentando, no entanto, que o problema se agravará se a Fitch e a Standard &Poor's tiverem um «comportamento de seguidismo» e voltarem a rever em baixa a sua nota sobre Portugal.

Ainda assim, o presidente da APB parece confiante de que tal pode não acontecer: «Esperemos que as outras agências não sigam e se baseiem em análises próprias e sérias. A Moody's tinha o melhor «rating» para Portugal, dois níveis acima das outras agências, e ao baixar quatro níveis de uma vez ficou dois níveis abaixo das outras. Isto mostra que elas não têm andado sempre em constância», concluiu.

Questionadas sobre se poderão vir a baixar também a nota de Portugal, fontes oficiais da Fitch e da Standard & Poor's remeteram para os últimos comunicados em que avaliaram o «rating» de Portugal, ambas com BBB-, não adiantando sobre se haverá novidades nos próximos tempos.
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