Banco de Portugal «começou por proteger» o BES - TVI

Banco de Portugal «começou por proteger» o BES

Se Ricardo Salgado ficou à frente do barco até ao naufrágio foi porque «tinha muita confiança» do supervisor da banca, segundo Pedro Mosqueira do Amaral, que sucedeu na administração do GES ao pai Mário Mosqueira do Amaral, falecido em março deste ano

Pedro Mosqueira do Amaral, ex-administrador do Grupo Espírito Santo,  revelou esta quarta-feira, na sua audição na comissão de inquérito ao BES, que o Banco de Portugal «começou a proteger» o Banco Espírito Santo e que se Ricardo Salgado continuou até julho na liderança, é porque «tinha  de ter muita confiança» do supervisor . Recusando qualquer «guerra» com Ricardo Salgado, critica a falta de transparência no que toca às contas e confessou mesmo que ficou «muito assustado» quando percebeu que elas eram «falsificadas».

«O Banco de Portugal começou a proteger o Banco Espírito Santo. É uma instituição importante para o país e para o mercado financeiro e teve de criar soluções para proteger o BES. As decisões do grupo não eram as do banco. O banco tinha uma administração própria»

«Se [Ricardo Salgado] ficou à frente do banco depois de haver contas falsificadas, tem de ter muita confiança do banco de Portugal para manter idoneidade até lá» 

O também ex-administrador da Espírito Santo Financial Group (ESFG), que integrou o conselho superior do Grupo Espírito Santo no final de 2011, com a entrada da «nova geração». Adiantou que teve noção dos problemas a partir de outubro de 2013. Antes, disso, só houve «rumores». Soube da falsificação de contas em outubro de 2013, pela boca de Ricardo Salgado,  admitiu que o Grupo Espírito Santo, como um todo, «não nadava» em dinheiro.

«Apercebi-me que a base de capital do grupo era reduzida, conforme também houve um aumento de capital em 2011. O GES não nadava em capital, mas isso não quer dizer que o grupo estava falido. Nunca imaginei um buraco desta dimensão» 


A 7 de novembro de 2013, indicou, acordou-se no conselho superior que tinham de avançar mudanças na governance do banco e na sucessão. Perante as contas falsificadas, o problema em Angola «e uma holding que não era operacional e sem contas consolidadas» - a Rio Forte - a nova geração quis ter voto na matéria: 

«Acordámos avançar com uma mudança de governance e convidar o Dr. Ricardo a demitir-se nos cargos. Em todas as empresas tem de haver mudanças. Houve uma geração mais nova que veio para o Banco Espírito Santo e encontrou situações que tinham de ser resolvidas»


Com a confirmação das contas «do contabilista» em outubro de 2013, pela voz do próprio Ricardo Salgado, segundo Pedro Mosqueira indicou aos deputados, confessou que ficou mesmo «assustado» com a situação. Mas «certezas» só as teve já em janeiro de 2014.

«Até lá, como não executivo, as reuniões que tínhamos, que não eram constantes, tive de ter uma certa fé nos números que me eram apresentados. Não estava no dia-a-dia, operacionalmente, no grupo». 


Depois, concluiu: «Não houve transparência para perceber que as contas foram falsificadas. Fiquei um pouco chocado, sim», referindo-se às contas da Espírito Santo Internacional e ao controlo superior do GES, como um todo.
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