Motoristas dão até sexta-feira para ANTRAM se pronunciar; patrões falam em "chantagem" - TVI

Motoristas dão até sexta-feira para ANTRAM se pronunciar; patrões falam em "chantagem"

  • SS - atualizada às 23:43
  • 5 ago 2019, 21:01

Os motoristas dizem que a ANTRAM tem até sexta-feira para "decidir se aceita a proposta ou se apresenta uma contraproposta". Os patrões acusam os sindicatos de chantagem

O vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, afirmou que a desconvocação da greve dos motoristas, anunciada para 12 de agosto "está nas mãos da ANTRAM". O responsável disse que a greve mantém-se em cima da mesa pelo menos até sexta-feira, prazo-limite que os sindicatos deram à Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) para apresentar uma proposta que será votada pelos trabalhadores. Entretanto, a ANTRAM reagiu, acusando os sindicatos de chantagem.

Os motoristas não querem fazer greve, mas também não querem continuar nesta situação. (...) A desconvocação da greve está nas mãos da ANTRAM", afirmou Pedro Pardal Henriques, aos jornalistas.

O responsável acrescentou que "sexta-feira é o prazo limite para que a ANTRAM decida se aceita a proposta ou se apresenta uma contraproposta".

Segundo Pedro Pardal Henriques, na reunião desta segunda-feira foram apresentadas ao Governo as condições das quais os motoristas não abdicam para que seja desconvocada a greve.

O senhor ministro ficou hoje com um conhecimento muito mais profundo do que estava em cima da mesa e mostrou grande abertura e compreensão por aquilo que os motoristas estão a reclamar”, notou.

Já relativamente às “linhas vermelhas” definidas pelos motoristas, Pedro Pardal Henriques escusou-se a avançar detalhes.

Posição semelhante foi defendida pelo representante do SIMM, Anacleto Rodrigues, que vincou que só os trabalhadores é que podem aprovar uma contraproposta dos patrões.

Vamos ver se se regista alguma abertura por parte da ANTRAM e, depois, vamos esclarecer os nossos associados e eles é que vão votar”, afirmou.

Anacleto Rodrigues lamentou ainda a recusa em negociar por parte da ANTRAM, referindo que os trabalhadores vão continuar a “aguardar com tranquilidade” uma contraproposta dos patrões.

O Governo demonstrou-se empenhado em utilizar a sua influência para que a ANTRAM possa voltar à mesa das negociações (…). Se não o fizer, vamos deixar à consideração dos nossos associados”, salientou.

O representante do SIMM disse ainda que, na reunião de hoje, o Governo apresentou aos sindicatos "várias hipóteses", ou seja, um caminho alternativo à greve, considerando, todavia, que estas não satisfazem as necessidades dos motoristas.

Há muito mais do que o salário em causa. Há os direitos dos trabalhadores, a não valorização salarial durante 20 anos. Não é só o salário-base e a greve. Há que perguntar porque é que se chegou aqui. É por isso que a ANTRAM continua a evitar o debate", declarou.

 

ANTRAM acusa sindicatos de chantagem

A ANTRAM reagiu à posição dos sindicatos, acusando-os de chantagem.

O sindicato mais uma vez negoceia apenas e somente sob chantagem, dando até sexta feira à ANTRAM para aceitar uma contraproposta que desconhecemos. Aguardamos serenamente por qual seja essa contraproposta", afirmou o porta-voz da ANTRAM, André Matias de Almeida.

O porta-voz da Antram saudou a possibilidade de o Governo acionar um mecanismo para travar a greve dos motoristas, mas garantiu não ceder à “chantagem” dos sindicatos para apresentação de uma contraproposta até sexta-feira.

Saudamos esta decisão do Governo e reconhecemos que o Governo, de facto, tem feito um esforço grande para que as partes cheguem a acordo”,  afirmou André Matias de Almeida.

No entanto, o responsável lamentou que não tenham sido os sindicatos a colocar em cima da mesa esta possibilidade.

André Matias de Almeida notou ainda que, para que as duas partes cheguem a um entendimento, é necessário que o pré-aviso de greve, com início agendado para a próxima segunda-feira, dia 12, seja retirado e que os motoristas aceitem o protocolo convencionado em maio, que prevê que os aumentos pecuniários em negociação sejam indexados ao salário mínimo nacional.

A reunião do Governo com a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e a Fectrans para evitar a greve ocorre esta terça-feira, às 9:30.

A greve, que começa na próxima segunda-feira, dia 12, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá de fixar os serviços mínimos para a greve, depois de as propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

 

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