Greve mantém-se após falhar acordo em reunião de 10 horas - TVI

Greve mantém-se após falhar acordo em reunião de 10 horas

  • JFP
  • 17 ago 2019, 09:22

No final da maratona de negociações, o ministro Pedro Nuno Santos disse que em cima da mesa estiveram propostas do sindicato e da associação empresarial, mas persiste o desacordo entre as partes

Os motoristas de matérias perigosas cumprem este sábado o sexto dia de uma greve convocada por tempo indeterminado, depois de ter falhado um acordo mediado pelo Governo numa reunião que durou cerca de 10 horas.

A falta de acordo foi comunicada pelo porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e posteriormente confirmada pela Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) e pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.

Trabalhámos em conjunto com o senhor ministro uma proposta que seria razoável para desbloquear a situação. A ANTRAM rejeitou a proposta e a greve mantém-se”, afirmou à agência Lusa o representante do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, no final da reunião.

Pardal Henriques adiantou que a ANTRAM oficiou ao SNMMP “a mesma proposta que tinha oferecido à Fectrans [Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações] e ao Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias”.

Não aceitamos essa proposta, porque não podemos concordar com aquilo que não entendemos ser um bom acordo”, continuou.

O porta-voz da ANTRAM, André Matias de Almeida, considerou que a proposta que o sindicato apresentou ao Governo é “incomportável para as empresas” e discriminatória para os associados dos outros sindicatos do setor.

A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias não esteve presente na reunião que decorreu no ministério, mas fez chegar uma proposta para o Governo discutir com o sindicato, segundo Pedro Nuno Santos.

Apesar das tentativas feitas pelo Governo para desbloquear o conflito, “houve propostas de parte a parte, tanto do sindicato como da Antram, que foram respetivamente recusadas”, esclareceu.

A ANTRAM espera agora que, no plenário que o SNMMP vai realizar no domingo, em Aveiras de Cima (Lisboa), “haja uma sensibilização dos associados [do sindicato] e que possam compreender que as empresas estão no seu limite”, acrescentou.

No final da maratona de negociações, o ministro Pedro Nuno Santos disse que em cima da mesa estiveram propostas do sindicato e da associação empresarial, mas persiste o desacordo entre as partes.

A greve continua” em consequência da falta de acordo, admitiu o ministro das Infraestruturas e da Habitação.

A reunião entre Pedro Nuno Santos e os representantes do SNMMP começou cerca das 16:00 de sexta-feira no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa, e terminou perto das 02:00 deste sábado.

Numa entrevista publicada pelo semanário Expresso, o primeiro-ministro garantiu que o Governo está disponível para adotar todas as medidas para que o país não pare, caso seja prolongada a greve dos motoristas de matérias perigosas.

Uma coisa é certa: até agora, o planeamento e as medidas tomadas garantiram que o país não parou. E o país não vai parar. Estamos disponíveis para adotar todas as medidas que venham a ser necessárias para garantir esse objetivo”, afirmou António Costa na entrevista, dada antes de ser conhecida a reunião do SNMMP no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa.

O primeiro-ministro recordou ainda o parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República para afirmar que "não só os serviços [mínimos] foram adequados como até podem ser alargados em caso de necessidade".

A greve começou na segunda-feira, 12 de agosto, por tempo indeterminado.

A paralisação foi inicialmente convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), mas este sindicato desconvocou o protesto na quinta-feira à noite, após um encontro com a Antram sob mediação do Governo.

A greve foi convocada com o objetivo de reivindicar junto da Antram o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

No final do primeiro dia de greve, o Governo decretou uma requisição civil, parcial e gradual, alegando incumprimento dos serviços mínimos que tinha determinado.

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