Diretora do FMI “frustrada” com a desigualdade salarial - TVI

Diretora do FMI “frustrada” com a desigualdade salarial

  • João Guilherme
  • 7 mar 2017, 12:01
Christine Lagarde

A propósito de um estudo que revela que as mulheres ganham menos 24% do que os homens, mas que a paridade salarial deverá ser atingida 36 anos antes do previsto, em 2044, Christine Lagarde não deixa de se mostrar descontente com a realidade atual

Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, diz-se “frustrada pela diferença salarial entre homens e mulheres”. Numa entrevista à CNN, exibida esta terça-feira, a diretora do FMI afirmou ainda que “há muito trabalho por fazer para que se atinja a igualdade de género”.

A propósito de um estudo da Accenture, uma empresa de consultadoria, que revela que a paridade salarial deverá ser atingida em 2044, 36 anos antes do previsto, mesmo assim a realidade dos dias de hoje não deixa de incomodar a líder do FMI. Lagarde mostra-se “descontente e frustrada” com o atual estado de coisas.

A diretora do FMI apresentou outro estudo, realizado pelo FMI, que revela que as empresas que colocam mulheres nos cargos de chefia apresentam melhores resultados.

É inequívoco, mais mulheres nos cargos de direção melhores resultados no fim do dia”.

 “A questão não é afastar os homens para dar lugar às mulheres, mas lutar pela igualdade de género sensibilizando as empresas”, defendeu ainda Lagarde.

A diretora do FMI confessou que já criou incómodo a certos homens por ser mulher e ocupar cargos com relativa importância. “Já ouvi coisas que prefiro não reproduzir aqui”.

O estudo da Accenture conclui que as mulheres ganham menos 24% do que os homens. Apesar de se perspetivar uma evolução mais positiva quanto à paridade, ela ainda tardará em chegar. Os relatórios anteriores mostravam que a igualdade de pagamento deveria ser atingida em 2080. Agora prevê-se que seja, então, em 2044. 

Em Portugal, a diferença salarial entre os dois sexos é de quase 17%, segundo as contas da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego. Uma mulher, para ter o mesmo ordenado do que um homem, tem de trabalhar mais 61 dias no ano, ou seja, mais dois meses. Ou, se quisermos, é como se elas deixassem de receber dois vencimentos e eles, sim, auferissem pelo trabalho de um ano por inteiro.

Os cargos de topo continuam sobretudo nas mãos dos homens. Apesar de as mulheres portuguesas até terem mais qualificações, poucas chegam a lugares como aquele que é ocupado por Lagarde. 

 

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