Os alarmes soaram de tal maneira que o presidente executivo do Deutsche Bank teve necessidade de enviar uma carta aos colaboradores do banco para tentar tranquilizá-los. É a terceira vez esta semana que o Deutsche Bank está a afundar em bolsa, tendo atingido esta sexta-feira o valor mais baixo de sempre, com cada ação abaixo dos 10 euros, acusando uma derrapagem de 8%. Tal é o nervosismo com o maior banco alemão que os mercados foram rapidamente contagiados.
Na carta que os cerca de 100.000 trabalhadores receberam, John Cryan defende que a instituição permanece robusta. A notícia de que vários fundos de investimento - "uns poucos", segundo o líder - estão a reduzir a exposição ao banco levou-o também a dizer que essa perda é pequena comparada com a vasta base de clientes no total.
Devemos olhar para o cenário completo. O Deutsche Bank tem mais de 20 milhões de clientes. Somos e permanecemos um forte Deutsche Bank".
Citado pela Reuters, Cryan disse que o banco está estável e tem uma almofada de capital suficientemente grande. Culpa a "especulação" e "certas forças" pela derrapagem em bolsa, assinalando também a que considera ser uma inquietante cobertura dos média.
Fontes próximas do assunto disseram à Reuters que, nos últimos dois dias, um grande fundo de investimento na Ásia retirou 50 milhões de dólares de colateral do Deutsche Bank, enquanto outras fontes disseram que o mesmo aconteceu noutros lugares, mas a uma pequena escala.
Os receios em torno do banco foi desencadeada pela multa de 14.000 milhões de dólares (cerca de 12.500 milhões de euros) aplicada pelas autoridades norte-americanas, devido à venda de créditos imobiliários de baixa qualidade, sem que os clientes disso tivessem conhecimento, na conhecida crise do subprime em 2008.
O anúncio da multa levou à especulação da necessidade de ajuda estatal, mas o Governo alemão negou que estaria a trabalhar num plano nesse sentido. E também o próprio presidente do banco disse que conseguiria resolver o problema sozinho sem necessidade de mais capital.
Mensagens que não têm conseguido atenuar o nervosismo que se sente nos mercados, com um efeito dominó Europa fora.
Pelas 11:30, os títulos do Deutsche Bank seguiam a perder 4,6% para 10,37 euros.
Em Portugal, o Deutsche Bank anunciou o fecho de 15 balcões, garantindo que a decisão já estava tomada há mais tempo e nada tem que ver com este problema recente. Há poucos funcionários sindicalizados, pelo que não deverão ter, à partida, apoio jurídico para lidar com a reestruturação anunciada.