Greve nos supermercados: "Temos despedimentos encapotados" - TVI

Greve nos supermercados: "Temos despedimentos encapotados"

  • VC (Notícia atualizada às 11:57)
  • 24 dez 2018, 09:25

Super, hipermercados, armazéns e logísticas das empresas de distribuição e lojas especializadas estão em protesto nesta consoada. Sindicato espera "adesão significativa", APED mostra-se "tranquila". Trabalhadores denunciam "pressão" para irem trabalhar

Dia de consoada, dia de greve nos supermercados. Se a CGTP fala em "adesão significativa" e a TVI24 constatou, nos supermercados que visitou, que a grande maioria dos trabalhadores escalados efetivamente não foi trabalhar, porém os estabelecimentos continuam a funcionar, regra geral, com relativa normalidade.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) garantiu isso mesmo, ao final da manhã. "Apesar da greve convocada pelos sindicatos para este dia 24 de dezembro, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e os seus associados garantem o normal funcionamento dos hipermercados, supermercados e lojas de retalho não alimentar/especializado", lê-se em comunicado.

A TVI24 esteve à porta de um supermercado, em Condeixa, esta manhã de segunda-feira, e depatou-se com trabalhadores empunhando faixas e bandeiras, explicando aos clientes as suas reivindicações (veja o vídeo associadao a este artigo).

"Temos despedimentos encapotados, somos destacados para longe de casa, não temos tempo para estar com a família e há a questão dos salários", enumerou uma das trabalhadoras.

Em Coimbra, no Algarve e em Lisboa, os funcionários denunciaram "pressões" para irem trabalhar. Muitos não foram, mas pessoas que não estavam escaladas apresentaram-se ao serviço, incluindo gerentes de loja, não comprometendo, assim, o funcionamento dos estabelecimentos.

Em Lisboa, falámos com uma trabalhadora que diz que trabalha há 25 anos no mesmo supermercado e que não chega a levar 650 euros para casa.

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, indicou à TVI24 que a adesão é "significativa" e criticou as empresas que ganham milhões e que apresentam uma proposta de aumentos salariais que "nem chega a 11 cêntimos diários"

"Negociação a decorrer", diz APED

A APED relembra que está a decorrer, em sede própria, a negociação dos termos e condições do Contrato Coletivo de Trabalho e lamenta que esta greve "aconteça quando foi já demonstrada de forma ativa a vontade da associação em contribuir para a valorização e dignificação dos colaboradores do setor, tendo já apresentado aos sindicatos soluções concretas ao longo do período de negociação que de resto, ainda está em curso".

“Apesar de reconhecer o direito à greve como ato reivindicativo, sobretudo no momento atual do país, a APED considera que este instrumento, que tem vindo a ser utilizado de forma reiterada por algumas estruturas sindicais que dizem representar os trabalhadores, não contribui para um compromisso dos sindicatos com o diálogo e com os reais interesses dos mais de 120.000 trabalhadores do setor”, afirma o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, citado na nota.

A estrutura sindical tinha lançado um pré-aviso de greve para os trabalhadores das empresas de distribuição (super, hipermercados, armazéns e logísticas das empresas de distribuição e lojas especializadas) para o dia de hoje, véspera de Natal, apontando a ausência de acordo nas negociações com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) como razão para a paralisação.

Em declarações à Lusa, o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, disse estar "tranquilo" e "não esperar dificuldades" na véspera de Natal, admitindo apenas que poderá haver "algumas perturbações". Adiantou, também esta manhã, que o setor da distribuição estará "todo a funcionar com normalidade".

Gonçalo Lobo Xavier sublinhou ainda o facto de as negociações estarem a decorrer com o sindicato e que a próxima reunião irá acontecer em 21 de janeiro.

Por sua vez, o CESP espera uma "adesão com expressão significativa". Pelas 10:30 será realizada uma conferência de imprensa junto às instalações da APED, em Lisboa, onde os trabalhadores vão "entregar os seus presentes [reivindicações]" à associação que representa o setor.

Reivindicações

Depois de 26 meses de negociação, as empresas representadas pela APED e que incluem a Sonae, Pingo Doce/Jerónimo Martins, Auchan, Lidl, Dia/Minipreço, El Corte Inglés e muitas outras, continuam a não apresentar propostas de verdadeiro aumento dos salários e correção das injustiças e discriminações existentes".

O sindicato acusa as empresas de quererem manter a distribuição como um setor de salário mínimo nacional, referindo que com a proposta em cima da mesa a evolução salarial desde a admissão até ao topo de carreira, para os trabalhadores dos escritórios e lojas, “será de 30 euros”, quando na penúltima revisão do Contrato Coletivo de Trabalho, em 2010, era de 139,5 euros.

A APED salienta ainda que tudo será feito para “minimizar o impacto de greve para os consumidores”

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