5 minutos no Facebook custam 1,5 milhões às empresas - TVI

5 minutos no Facebook custam 1,5 milhões às empresas

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Associação Nacional de PME diz que problema é «o dinheiro mal gasto em formação profissional e em clientelas». Portugal é dos países menos competitivos da Europa

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Se chega ao trabalho e a primeira coisa que faz é abrir a sua caixa de e-mail, ver o que se passa no Facebook ou apressar-se a escrever 140 caracteres no Twitter, prepare-se para uma terapia de choque: apenas 5 minutos numa rede social fazem as empresas portuguesas perder 1,5 milhões de euros por ano.



«Se fizermos as contas naturalmente que até atingem mais [prejuízos]. É um problema sério de falta de produtividade. A nossa já é inferior em 30% à medida europeia. Somos displicentes», disse à Agência Financeira o presidente da Associação Nacional das PME (Pequenas e Médias Empresas), Augusto Morais.

Coube à ANPME chegar a estes números. Aliás, contas feitas, uma hora passada em redes sociais, a ver o e-mail ou a ler o jornal custa 18 milhões de euros por ano aos patrões.



Este hábito, cada vez mais enraizado em Portugal, é uma situação paradoxal, para Augusto Morais, uma vez que as nossas «despesas com educação e formação estão na ordem dos 6% do PIB. Somos dos países que mais investem nisso. Mas temos os trabalhadores menos competitivos». O problema de base está, por isso, na formação (ou falta dela).



«Trabalhadores estão mal formados e depois abusam»



E começa logo nos anos de escolaridade obrigatória, «quando um aluno tem de fazer um projecto sobre informática e é, por exemplo, orientado por um professor de Educação Física ou de História». Augusto Morais acusa o Governo de «vender» a formação profissional. Em prol do combate à iliteracia «contratam-se entidades não especializadas que corroem o orçamento geral do Estado».



Ou seja, «há muito dinheiro mal gasto em formação que depois é mal aplicado. É como uma criança que sempre brincou com pistolas e na idade adulta se torna agressiva; os trabalhadores estão mal formados e por isso são pouco produtivos», exemplificou à AF.



O historial educativo dos trabalhadores reflecte-se, pois, no comportamento adoptado em horário laboral: «Não respeitam o trabalho e depois abusam. É o país que temos».



Solução é barrar acesso às redes sociais?



Para solucionar o «problema» algumas grandes empresas barram o acesso a determinadas páginas da Internet. O caso português é bem diferente: «47% das nossas empresas são micro empresas (entre 1 a 9 trabalhadores) e não conseguem suportar os custos do barramento».



De qualquer forma, já existem algumas centenas de processos disciplinares em curso por causa da utilização abusiva das redes sociais, quando os funcionários deviam era estar a trabalhar.



«Repare como está a nossa produtividade. É por isso que a taxa de desemprego sobe, sobe, sobe». Mas, atenção. O presidente da Associação Nacional das PME garante que «nós não somos alérgicos ao Facebook. As pessoas têm direito de constituir os seus blogues» e a navegar pelas redes sociais. Só que, espera-se, fora do trabalho.



«Não culpo os trabalhadores. Culpo a falta de formação e os políticos», apontou Agusto Morais. O problema é, resumindo, a precária «educação e o dinheiro que se gasta em clientelas».
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